Decorre desde há dias em
Maputo, o Colóquio 40 anos da Independência nacional. O evento, realizado pelo
Movimento Literário Kuphaluxa, tem como objectivo reflectir sobre os processos
literários moçambicanos e decorre até 1 de Julho.
A primeira sessão
“Os Caminhos da Escrita” foi orientada pelos professores de Literatura da
Universidade Eduardo Mondlane, Osvaldo das Neves e Lucílio Manjate.
Na sua dissertação,
Osvaldo das Neves, falou das linhas de criação apesar da diferença temporal,
sublinhando a ideia de uma herança literária nos autores actuais. Neves lançou
duras críticas ao momento actual da vida literária e cultural do país, quanto a
banalização do produto da criação intelectual, referindo-se à distracção que a
sociedade actual tem em relação à Literatura em detrimento do consumo excessivo
de produtos culturais sem qualidade.
Lucílio Manjate
titulou “A literatura moçambicana na voz dos autores”, e referiu-se ao que
considera “falta de sensibilidade artística” das instituições culturais.
Perante um público que afluiu ao Centro Cultural Brasil – Moçambique, composto
maioritariamente por estudantes universitários, Manjate, disse que não
basta que haja um Ministro da Cultura que seja artista, “é preciso que os
outros componentes dessa instituição tenham sensibilidade para as artes e
quiçá, sejam artistas”.
Presente e atento ao
colóquio cujo tema era “Os Caminhos da Escrita”, o escritor Juvenal Bucuane
reclamou a dificuldade de publicação de livros, pelo que a Literatura
moçambicana é “praticamente feita dos mesmos autores”. Bucuane, antigo
secretário-geral da Associação dos Escritores Moçambicanos e um dos fundadores
da revista Charrua, diz que a falta de críticos ainda coloca os autores
nacionais no esquecimento e empobrece a Literatura moçambicana.
Reagindo, Lucílio
Manjate, partiu em defesa da academia, explicando que a crítica académica
precisa de tempo para ser elaborada, pois implica análises mais aprofundadas
para a fundamentação da obra. O professor, também escritor, criticou a
comunicação social, pela falta da crítica ao seu nível. No entender do
professor, é papel do jornalista ou críticos contratados para o efeito, seja
pelas editoras, ou pelos órgãos de informação, que deveriam produzir a crítica
que chegue aos potenciais leitores.
No dia 24 de Junho, o Colóquio 40 Anos de
Independência de Moçambique, teve a segunda sessão com o tema “Literatura
Moçambicana depois de amanhã” através dos professores Óscar Fumo, da
(FLCS-UEM), e Sara Jona, também docente de Literatura na Universidade A
Politécnica, sob moderação do escritor Jaime Munguambe Júnior.
A última sessão será no
dia 01 de Julho, moderada por Agostinho Inguane, com os oradores Dionísio
Bahúle, formado em filosofia pela Universidade Pedagógica e o professor Albino
Macuácua, da (FLCS-UEM), com o tema “Literatura, estética e metáfora”.
O Movimento Literário
Kuphaluxa pretende assim trazer ao de cima a opinião especializada sobre a vida
literária no país, fortalecendo o sistema literário.
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