domingo, 28 de junho de 2015

Colóquio literário sobre os 40 anos de independência de Moçambique

Decorre desde há dias em Maputo, o Colóquio 40 anos da Independência nacional. O evento, realizado pelo Movimento Literário Kuphaluxa, tem como objectivo reflectir sobre os processos literários moçambicanos e decorre até 1 de Julho.
A primeira sessão  “Os Caminhos da Escrita” foi orientada pelos professores de Literatura da Universidade Eduardo Mondlane, Osvaldo das Neves e Lucílio Manjate.
Na sua dissertação, Osvaldo das Neves, falou das linhas de criação apesar da diferença temporal, sublinhando a ideia de uma herança literária nos autores actuais. Neves lançou duras críticas ao momento actual da vida literária e cultural do país, quanto a banalização do produto da criação intelectual, referindo-se à distracção que a sociedade actual tem em relação à Literatura em detrimento do consumo excessivo de produtos culturais sem qualidade.
Lucílio Manjate  titulou “A literatura moçambicana na voz dos autores”, e referiu-se ao que considera “falta de sensibilidade artística” das instituições culturais. Perante um público que afluiu ao Centro Cultural Brasil – Moçambique, composto maioritariamente por estudantes universitários, Manjate, disse que não basta que haja um Ministro da Cultura que seja artista, “é preciso que os outros componentes dessa instituição tenham sensibilidade para as artes e quiçá, sejam artistas”.
Presente e atento ao colóquio cujo tema era “Os Caminhos da Escrita”, o escritor Juvenal Bucuane reclamou a dificuldade de publicação de livros, pelo que a Literatura moçambicana é “praticamente feita dos mesmos autores”. Bucuane, antigo secretário-geral da Associação dos Escritores Moçambicanos e um dos fundadores da revista Charrua, diz que a falta de críticos ainda coloca os autores nacionais no esquecimento e empobrece a Literatura moçambicana.
Reagindo, Lucílio Manjate, partiu em defesa da academia, explicando que a crítica académica precisa de tempo para ser elaborada, pois implica análises mais aprofundadas para a fundamentação da obra. O professor, também escritor, criticou a comunicação social, pela falta da crítica ao seu nível. No entender do professor, é papel do jornalista ou críticos contratados para o efeito, seja pelas editoras, ou pelos órgãos de informação, que deveriam produzir a crítica que chegue aos potenciais leitores. 
No dia 24 de Junho, o Colóquio 40 Anos de Independência de Moçambique, teve a segunda sessão com o tema “Literatura Moçambicana depois de amanhã” através dos professores Óscar Fumo, da (FLCS-UEM), e Sara Jona, também docente de Literatura na Universidade A Politécnica, sob moderação do escritor Jaime Munguambe Júnior.
A última sessão será no dia 01 de Julho, moderada por Agostinho Inguane, com os oradores Dionísio Bahúle, formado em filosofia pela Universidade Pedagógica e o professor Albino Macuácua, da (FLCS-UEM), com o tema “Literatura, estética e metáfora”.
O Movimento Literário Kuphaluxa pretende assim trazer ao de cima a opinião especializada sobre a vida literária no país, fortalecendo o sistema literário. 

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