segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Flora Gomes prepara filme sobre Amilcar Cabral

 
O cineasta guineense Flora Gomes anunciou, em Paris, que  está a preparar um documentário e uma obra de ficção sobre Amílcar Cabral, pai das independências guineense e cabo-verdiana.

Em 2002, o filme “Nha Fala”, de  Flora Gomes, foi distinguido com os prémios Signis e Metrópole do Festival Internacional do Filme de Amiens, França, numa edição em que concorreram cerca de 300 curtas e longas-metragens.

A entrega dos prémios Amiens Metrópole, atribuído pelo júri, e Signis, patrocinado por uma organização católica, foi justificada pelo facto de Flora Gomes conseguir “abrir fronteiras através da música e levar o público a ultrapassar tabus entre culturas”.


Com argumento do próprio realizador e do francês Franck Moisnard, “Nha Fala” - que significa ao mesmo tempo “minha voz”, “meu destino”, “minha vida” e “meu caminho” em crioulo  - é uma co-produção de Portugal, Luxemburgo e França

  

Danças de Angola, Moçambique e São Tomé no Reino Unido

 
Danças de Angola, Moçambique e São Tomé e Príncipe fizeram parte das comemorações do “Mês da História Negra”, realizadas domingo, 25, em Wrexham, no País de Gales.
O programa incluiu apresentações do resultado de uma oficina de Kizomba de Angola, aulas de danças moçambicanas denominada “Sorriso da Esperança” e Puita, uma dança tradicional santomense.
Houve também animação com música africana colocada pelo DJ santomense Chissole Mondo, conhecido por DJ Norton.
Iolanda Banu Viegas, recém-eleita conselheira das Comunidades Portuguesas e fundadora da Comunidade da Língua Portuguesa de Wrexham, saudou a oportunidade para participar nesta festa multicultural.
“Foi a primeira vez que fomos convidados para organizar todo o evento e aproveitámos para envolver a diáspora local dos países africanos lusófonos, que muita gente daqui desconhece”, disse à Agência Lusa.  
Outros países africanos, como Nigéria, Ghana e Quénia, estiveram representados com a leitura de poesia e um recital de piano, bem como o serviço de bebidas e comidas tradicionais.

O “Mês da História Negra” começou em 1987 em Londres e é celebrado anualmente em Outubro para celebrar a diversidade e cultura africana, tendo-se alargado a todo o Reino Unido com o passar do tempo.

jornal notícias

"Os problemas africanos têm de ter solução em África" - Manu Dibango

Texto de Frederico Jamisse
Sereno, trabalhador, metódico e sempre bem disposto, é o mínimo desfile de adjectivos que podemos usar para caracterizar o “Leão de África” – o saxofonista camaronês  Manu Dibango. 
Conversamos com Papa Manu (como carinhosamente o tratam os mais próximos), em París- França, onde ele vive. Uma conversa faseada que foi sendo feita em sua casa, nos restaurantes por onde almoçamos ou jantamos com ele, assim como no Studios Ferber, onde ele e o músico Moreira Chonguiça privaram durante dias, gravando um disco.
Atencioso, fez questão de nos receber logo à chegada. E a primeira refeição, depois da saudação, foi em sua casa. Peixe com legumes. O peixe chama-se Sol of Cameron (um peixe muito popular nos Camarões). Aliás, em Dualá, terra onde Manu Dibango nasceu come-se mais peixe do que carne.

MÚSICO PARA TODAS AS CLASSES
Manu Dibango  cultiva o hábito de trabalhar e praticar sempre. Pois segundo ele, só assim se consegue criar e alcançar o sucesso. Suas músicas alcançam vários públicos.
Há uma parte de mim que não é conhecida  em África, um lado musical diferente e calmo. Os africanos gostam de música para dançar e você não toca jazz para eles ouvirem, mas para os pés e não para a cabeça”, afirma Dibango.
Sempre disposto a trabalhar, Manu é apologista de uma cultura de trabalho e aproveitamento das oportunidades. “Se tiveres oportunidade de fazer, o melhor é fazer porque  nunca sabemos do amanhã. Em 1983, gravei o disco de música mais calma, Soft And Sweete fiz também  para Cartoon - desenhos animados”.
Dos ritmos de Camarões, Manu Dibango alcançou a universalidade. “ Eu sou um músico que vem de África. Não um músico africano porque toco para o mundo”.
África produz talentos, mas ainda há muito por fazer. “ É tempo de começar a pensar no continente africano. Temos muitos problemas por resolver. É preciso pensar para frente e sermos exemplares. Procurar soluções dos problemas africanos em África”.
Manu Dibango olha para África com esperança, embora tenha reticências, a avaliar pelo que já fez. “Sou Padrinho de muitos projectos em  Camarões.  Já investí muito e não tive resultados. Mas é o nosso país, nosso continente e a nossa responsabilidade é fazer o que deve ser feito”.
Segundo o “Leão de África”, a cultura é uma parte que pode fazer sobressair África.“Mas há muito mais para ser feito. É preciso pensarmos na maneira correcta de aproveitar os nossos recursos humanos e naturais. Temos que capitalizar a agricultura, criar indústrias fortes e capazes”.


MOÇAMBIQUE É UM PAÍS IMPRESSIONANTE
Manu Dibango escalou Moçambique pela primeira vez, no ano 2012, através da More Promotions. Veio participar na segunda edição do  More Jazz Series.
Fazendo-se acompanhar pela sua banda Soul Makossa Gang, Manu actuou no Hotel Polana e fez encerramento da FACIM, em Ricatla-Marracuene. Aliás, nos dias 30 e 31 de Outubro corrente, Manu Dibango, estará em Maputo para participar na quinta edição do More Jazz Series, no Hotel Polana e na baixa da cidade, JAT5.
Em Moçambique fiquei impressionado pelo facto de ser um país diferente. Rodeado de anglo-saxónicos, vocês são colónia portuguesa com um tique universal”, afirma Manu Dibango.
Questionado sobre a música moçambicana, Dibango afirma: “Conheço muito pouco a música moçambicana. Aqui em França, temos músicos cabo-verdianos e angolanos, em parte por causa da Total”.
Conheceu Moreira Chonguiça e a paixão de juntos trabalharem brotou com facilidade. “Conhecí este jovem e decidimos gravar juntos um álbum que se chama M&M. Um álbum universal mas com timbre africano. É maravilhoso trabalhar com ele”.
Manu afirma ainda sobre o M&M que : “Tocar com Moreira  foi uma experiência ímpar. Eu nunca tinha tocado assim e acredito que ele também.  Mas antes de tocar é preciso existir conectividade. Eu venho de Camarões e ele de Moçambique. Isto é que é União Africana”.

QUEM É MANU DIBANGO?
Manu  é um saxofonista de jazz e afrobeat. Ao longo da sua carreira teve várias colaborações com músicos africanos e de outros continentes.
Soul Makossa é o nome da sua banda. Coincidentemente, Makossa é o título da sua música mais famosa. Makossa é um estilo musical de Camarões, cujo  trecho foi utilizado para combinações em músicas de variados ritmos.
Vim viver em Paris nos tempos complicados. Mas não vim como imigrante. Vim com passaporte porque meu pai pagou”.
A carreira de músico nem sempre foi coroada de coisas . “Tive problemas porque  meus irmãos eram engenheiro e advogado. E meu pai sempre perguntava: e você, vai ficar na música? Mas fiquei famoso e meu pai ficou orgulhoso. E ser músico é um desafio. Todas as noites você gasta dinheiro e por vezes é obrigado a conviver com pessoas más. É a vida de artista”
Centenas de concertos e prémios diversos marcam os 82 anos de vida de Manu, muitos dos quais passados na música, em estúdios e em tournés. “Marcou-me bastante a actuação que tive em 1999, quando toquei no Vaticano com a minha banda. Era semana católica”.
A música tem estado a ganhar outros contornos. Uns fazem-na em poucos segundos em estúdios electrónicos. Mas existem os perfeicionistas. Manu é um deles.“A música é funny mas é séria. Não se pode pensar fazer a música apenas por fazer. É preciso ouvir música de vários países e de outros artistas para ter a percepção. Também é preciso ensaiar e praticar muito, adverte Papa Manu”. Em termos de discografia, Manu Dibango já produziu dezenas de ábuns.

jornal domingo









 


Workshop em defesa da identidade cultural

 

Três workshops formativos sobre a salvaguarda do património imaterial no país realizam-se a partir do 9 de Novembro na capital angolana, Luanda, numa promoção do Instituto Nacional do Património Cultural (INPC) em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Ciência, Educação e Cultura (UNESCO).


Segundo a directora-adjunta do INPC, Cecília Gourgel, que avançou a informação, citada pela Angop, pretende-se, com os três eventos, dotar os técnicos angolanos de conhecimentos adequados para o exercício ligado a recolha, preservação, manutenção e catalogação do património imaterial angolano, no âmbito dos projectos Mbanza Congo e do Corredor do Kwanza.
Adiantou que serão no total 50 técnicos angolanos a serem formados por especialistas da UNESCO.    
Os workshops enquadram-se no projecto intitulado “Reforço da Capacidade Nacional para Implementação da Convenção 2003, de salvaguarda do Património Cultural Imaterial na África Lusófona”.
O Património Cultural Imaterial ou Intangível compreende as expressões de vida e tradições que comunidades, grupos e indivíduos em todas as partes do mundo recebem dos seus ancestrais e passam os seus conhecimentos a seus descendentes.
Apesar de tentar manter um senso de identidade e continuidade, este património é particularmente vulnerável uma vez que está em constante mutação e multiplicação dos seus portadores. Por esta razão, a comunidade internacional adoptou a Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial em 2003.  Essa convenção regula o tema do património cultural imaterial e, assim, complementa a Convenção do Património Mundial, de 1972, que cuida dos bens tangíveis, de modo a contemplar toda a herança cultural da humanidade.
Em virtude da importância dessa forma de património e da complexidade envolvida na definição dos seus limites e de sua protecção, a UNESCO vem, nos últimos 20 anos, se esforçando para criar e consolidar instrumentos e mecanismos que conduzam ao seu reconhecimento e defesa. Em 1989, a organização estabeleceu a Recomendação sobre a Salvaguarda da Cultura Tradicional e Popular e vem, desde então, estimulando a sua aplicação ao redor do mundo. Esse instrumento legal fornece elementos para a identificação, a preservação e a continuidade dessa forma de património, assim como da sua disseminação.

 Além das gravações, registos e arquivos, a UNESCO considera que uma das formas mais eficazes de preservar o património imaterial é garantir que os portadores desse património possam continuar produzindo-o e transmitindo-o. A organização estimula os países a criarem um sistema permanente de identificação de pessoas (artistas, artesãos) que encarnam, no grau máximo, as habilidades e técnicas necessárias para a manifestação de certos aspectos da vida cultural de um povo e a manutenção de seu património cultural material.

angop

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Moçambicano Suleimane Abdulumane vence prémio literário Sonangol

 

Com a obra literária "A Carta da Mbona", o escritor moçambicano Suleimane Cassoma Abdulumane "Peniwaku Sassa" venceu o Grande Prémio Literário Sonangol de Literatura 2016.

Segundo a União dos Escritores Angolanos (UEA), organizadora do concurso, a obra premiada destaca-se das demais pela qualidade temática e valor educativo, ritmo da prosa e linguagem aprimorada, realçando o poder criativo e originalidade relevados.
Adianta que foi escolhida para menção honrosa a obra “A Dança da Chuva”, do escritor angolano Fragata de Morais “Soma Yinene”.
“O livro A Dança da Chuva distingue-se pela qualidade de linguagem e riqueza no desdobramento dos espaços em que decorrem os factos narrados. É igualmente notório o realismo arrojado com que descreve determinadas cenas”, lê-se na nota.
O presidente do júri do Grande Prémio Literário Sonangol de Literatura-2016 é o professor António Fernandes da Costa.
Do grande prémio participam escritores consagrados de Angola, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Moçambique e Guine Bissau, com o objectivo de fomentar a cultura literária nesses países africanos.
Instituído pela Sociedade Nacional de Combustível  de Angola (Sonangol), o prémio realiza-se de cinco em cinco anos, para distinguir qualitativamente obras literárias ou de investigação de escritores consagrados dos países participantes.
O valor atribuído é de cinco milhões de kwanzas e as obras submetidas a concurso podem abarcar qualquer género literário. São igualmente considerados todos os trabalhos científicos ou de ensaios.
 angop





 

terça-feira, 20 de outubro de 2015

«NJINGA, RAINHA DE ANGOLA» - produção deslumbrante

Por Luísa Fresta

 
Um filme de Sérgio Graciano

Uma produção grandiosa e visualmente deslumbrante sobre esta soberana de Angola que reinou durante cerca de quatro décadas, referência histórica incontornável cujo percurso, motivações e carisma têm sido objecto de interesse de investigadores vários do período da colonização e das práticas esclavagistas, entre antropólogos e historiadores, e também de romancistas[1].
Esta longa-metragem, com uma notória dimensão política e cultural, digamos etnográfica, conta com um extenso elenco e envolve uma equipa pluridisciplinar, recorrendo, necessariamente, a consultores históricos; trata-se de uma ambiciosa obra cinematográfica assegurada por uma sólida estrutura composta de portugueses e angolanos (entre outros, os actores António Fonseca, António Durães, José Fidalgo, Ana Santos, Erica Chissapa, Sílvio Nascimento, Miguel Hurst, Jaime Joaquim e Orlando Sérgio), e restante equipa técnica.
Lesliana Pereira (também Miss Angola 2008 e apresentadora de TV), foi premiada na categoria de melhor atriz principal pela Academia de Cinema Africano (AMAA) na sua XIª edição, pelo papel da Rainha Njinga, mas o filme integra também outros actores bem conhecidos do público e que emprestaram o seu enorme talento a este épico.
A autora do guião (a mesma que assinou o argumento da telenovela luso-angolana «Windeck – O Preço da Ambição») é Joana Jorge, e o seu nome no genérico deixa antever, deste logo, um texto que alia gosto pelo detalhe a entretenimento.
Uma palavra para destacar a belíssima banda sonora a cargo do músico Rodrigo Leão e a direcção de fotografia de Rui Amado, proporcionando imagens de uma beleza de cortar o fôlego, explorando com arte a exuberante geografia de Angola, país onde o filme foi rodado na íntegra.
A preocupação em desdobrar muitos dos diálogos em português e em Kimbundu poderá porventura ter acrescentado alguma sobrecarga ao texto embora se compreenda claramente a intenção primeira, que seria, entre outras, a de conferir mais autenticidade às falas dos personagens e tornar as cenas mais verosímeis do ponto de vista histórico.
Sobre o filme, denso e pormenorizado, que começa aquando da morte de Ngola[2] Kiluanji Kiassamba, pai de Nzinga Mbandi, então princesa, considero que a obra procurou ser fiel aos registos históricos acrescentando a necessária ficção de forma a converter esta época histórica numa narrativa cinematográfica também interessante como produto industrial de entretenimento.
A história dentro da História: após a morte do soberano seu pai, em 1617, Nzinga (1581-1663) não seria a herdeira natural do trono. O conselho dos makota decide a favor do seu irmão Mbandi, preterindo outro dos irmãos por ser filho de uma escrava e a própria Nzinga, por ser mulher, embora as suas qualidades de guerreira sejam unanimemente reconhecidas. No entanto, após um reinado atribulado do seu irmão, marcado sobretudo pela prepotência, Nzinga acaba por se impor pelas suas qualidades de ardilosa estratega, hábil negociadora e também líder natural, possuidora de um forte carisma e de uma visão global do contexto da época, demonstrando habitualmente uma postura conciliadora acerca das relações de poder dentro da família. Nzinga parecia saber eclipsar-se e agir na sombra quando tal lhe parecia ser o interesse superior do seu povo.
Ela combateu a presença portuguesa fazendo pequenas cedências e provando ser uma diplomata nata quando negociava a paz com os portugueses, enviada em missão pelo seu irmão (recorde-se que Nzinga aceitou ser baptizada, adoptando o nome de Ana de Sousa) em prol do que considerava um bem maior: a autonomia do seu povo, os Mbundu; sempre defendeu essa posição recusando-se a prestar vassalagem pois, como afirmava, “Um reino não pode ser vassalo de outro reino”. Nzinga ficou também conhecida por colocar o amor ao seu povo acima dos próprios afectos pessoais e relações familiares, excepção feita à memória do seu pai, que venerava, e de quem procurou sempre seguir o exemplo e os valores.
O distanciamento no tempo e o facto de se tratar de um produto de ficção, neste caso através da linguagem do cinema, permitem uma liberdade que ultrapassa o tratamento histórico dos documentos e da Academia, ainda que mesmo este seja muitas vezes questionado e debatido entre investigadores com visões díspares ou antagónicas. Neste filme aparece retratada uma visão próxima da que poderá ser a dos angolanos face a este período da sua própria História, o que por si só já lhe confere mérito e interesse, por se falar na primeira pessoa e se apresentar uma leitura descritiva e analítica dos factos e algumas das suas ramificações.
O filme retrata parte do reinado de Nzinga Mbandi, as suas relações com súbditos, antagonistas, aliados e família, bem como as suas habilidades de negociadora, constantemente evidenciadas. Ela é descrita como uma mulher de visão, altaneira e ponderada, para além de uma guerreira de destreza física fora do comum, que nunca se deixou capturar. Sempre pronta a tudo sacrificar pelo seu povo.
Nzinga era uma hábil política que agia e reagia frequentemente em função do momento e das conveniências temporais não hesitando em estabelecer alianças ou desfazê-las, caso fosse necessário, se tal se revelasse benéfico para o povo Mbundu, como aconteceu com ao guerreiros Jagas, conotados com uma violência exacerbada e prática de pilhagens, como aconteceu também com os portugueses e com os holandeses. Os inimigos eram sobretudos “adversários”, os amigos eram essencialmente “aliados”, e dentro da própria família os laços de sangue não lhe garantiam necessariamente uma confiança absoluta nas pessoas, à parte o pai e duas irmãs que a acompanharam sempre partilhando com ela a solidão a que o poder conduz. E também Kanjila, seu filho, “pássaro” de destino etéreo. 
Opondo-se acerrimamente ao crescente domínio português e à consequente perda progressiva de soberania, Nzinga, conhecida por muitos outros nomes e reconhecida por uma série infindável de façanhas romanescas, era uma mulher que sabia impor-se entre os que pretendiam reduzi-la, a si e ao seu povo a uma condição de submissão e total dependência. Ela acordava alianças que considerava vantajosas ou razoáveis: nunca vassalagens.
Alguns episódios caricatos ficaram para a História, como pequenos apontamentos reveladores do carácter da rainha no tempo que lhe coube viver e no espaço que lhe coube ocupar. Um deles foi a célebre cena da “cadeira”, a escrava sobre a qual se sentou aquando do seu encontro com o governador português em Luanda. Ao partir, a rainha Nzinga sublinhou que não levaria a escrava consigo, explicando-se: “não é conveniente que a Embaixadora do reino do Ndongo use duas vezes o mesmo assento”; sem dúvida uma forma de mostrar a sua superioridade no trato perante aqueles que a queriam tratar como vassala, embora com alguma condescendência e contida admiração. Ela sabia como ninguém transformar fragilidades em vantagens e reverter o jogo a seu favor. À maneira dos grandes estrategas não se melindrava nem se ofendia por pouco, antes procurava todo e qualquer consenso estrategicamente aceitável. O trajeto desta mulher de destino excepcional deve ser visto à luz da época e devidamente inserido no seu contexto, sem julgamentos apressados, condicionados ou falaciosos.
A mega produção a cargo de Coréon Dú, Sérgio Neto e Renato Freitas (Semba Comunicação), vale também por nos trazer um pedaço da nossa História contada na perspetiva angolana, sabendo que a História não se cinge a factos – os quais se baseiam no acervo documental – mas sobretudo à sua vivência, contextualização e interpretação.


[1] A Rainha Ginga  de José Eduardo Agualusa e Zingha, Reine d’Angola: Histoire Africaine  de Jean-Louis Castilhon.
[2] Ngola: título que corresponde ao Rei e que deu origem à palavra Angola.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Maputo acolhe Festival 6 Continentes

 
Realiza-se amanhã, sábado, no Centro Cultural Municipal Nstindya, em Maputo, um evento de magnitude internacional, o Festival de 6 Continentes que está sob organização do Palavras e Palavras eventos em co- produção com a Xithokozelo.
Este espetáculo  abarca diversas formas de arte e vai acontecer em simultâneo em vários cantos do planeta, concretamente em comunidades falantes da língua portuguesa.

De acordo com uma das organizadoras deste evento em Moçambique, a poetisa moçambicana Enia Lipanga, o Festival tem como intuito promover a Língua Portuguesa e incentivar o desenvolvimento de laços sociais, culturais e comerciais entre os povos e comunidades lusófonas e da Lusofonia no seu todo.

Em Maputo, o encontro terá a duração de cerca de seis horas, com início determinado para as 12 horas de sábado.

Irão fazer parte desta festa os  artistas Rodolf Pondja, Hera de Jesus, Poetas de Rua, Abdil Djuma, Amosse Mucavele, Eduardo Quive, Lionel Portugues, Guilherme Roda, Sanjo Muchanga, Altino Mandlaze, Rassane, Tatiana Sumburane, Universos, Hooligansartes, entre outros.


Folha de Maputo

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Dançarinos mundiais em Maputo

Há mais de dez anos que Maputo, a capital moçambicana,  é palco de grandes espectácu­los de dança contemporânea envolvendo artistas de todos os quadrantes. Esta celebração acontece através da plataforma de dança contemporânea - Kina­ni - que este ano realiza-se pela sexta vez, entre os dias 16 e 20 deste mês (Outubro).
As salas do Centro Cultural Franco-Moçambicano, Teatro Avenida, Museu da Pes­cas são as eleitas, e terão sessões diárias entre às 18, 19 e 20 horas nas diferentes salas e o 4º andar será espaço alternativo a partir das 17 horas.
Nesta edição, Kinani junta­-se a “Danse L’Afrique Danse” - maior plataforma de África para o reforço do diálogo com os operadores mais activos no continente no que diz respeito ao apoio às criações de jovens talentos.
Este projecto escala Moçam­bique após uma viagem a países africanos com uma estrutura de dança mais robusta no conti­nente, como são os casos de Tunísia, Ca­marões, Malí e Senegal. Para se juntar às comemorações de uma década do Kinani tem um mo­tivo de ser: reconhecimento ao trabalho levado a cabo ao longo desse tempo que exibe o festi­val. 
Uma prova da importância desta plataforma nacional na dança são os diversos e glorio­sos prémios que os coreógra­fos moçambicanos amealharam pelo mundo fora. Destes, destacam-se Augusto Cuvilas, Panaíbra Gabriel Canda, Maria Helena Pinto e, recentemente, Horácio Macuácua. 

o pais

Bessangana embelezam centro cultural

Vestidas a rigor, o grupo de senhoras “As Bessangana”, do distrito do Rangel (província de Luanda), tem sido referência  quando o assunto é exibir boa indumentária.

As Bessangana do Rangel, com mais de uma década de existência, resulta da persistência do gestor do Centro Recreativo e Cultural Kilamba, Estêvão Costa, que decidiu formar o grupo de bailarinas logo a seguir à reabertura deste espaço, em Dezembro de 2001.

Estêvão Costa agiu para ajudar a preservar os bons hábitos e costumes dos luandenses.  Composto por 14 integrantes,  o grupo de “bessa ngana” tem ajudado a festa do “Muzongué”.Vestidas de panos, as senhoras representam o traje típico da mulher luandense e têm sido os rostos visíveis nos espectáculos musicais que decorrem mensalmente no Centro  Recreativo e Cultural Kilamba. 

Os apreciadores dos kitutes (iguarias) da terra e da boa música angolana encheram a casa para ouvir e recordar temas de artistas consagrados. Estiveram  em palco o Rei Elias, Pedrito, Dom Caetano, Augusto Chacaia e Kyaku Kyadaff, que brindarem o público com o que de melhor se faz em Angola a nível do semba.

jornal de angola


Artistas plásticos pintam obras de Paulina Chiziane


Uma mostra de artes visuais, que reúne obras de 11 artistas moçambicanos consagrados que pintaram as obras literárias da escritora Paulina Chiziane, é inaugurada hoje, terça-feira em Maputo.

Trata-se dos artistas Adelino Mathe, Dércio da Cruz, Eugénio Saranga, Fiel dos Santos, Ídasse Tembe, João Paulo Quehá, Jorge Sibia, Pekiwa, Sebastião Ndlozy, Sergio Simione e Victor Sousa.

As obras de arte criadas, em que predominam técnicas de pintura e de escultura, representam cada livro criado e lançado por Paulina Chiziane, até hoje.

 folha de maputo

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Mesa decorada com individuais e porta-talheres de capulana da África Ocidental

Os individuais redondos (jogo americano), os porta-talheres e os porta-guardanapos desta mesa de almoço foram feitos do mesmo pano da África Ocidental. À isso juntaram-se copos de cerâmica da Etiópia, jarro de flores em madeira de Moçambique e bases para copos do Congo Democrático para uma decoração de mesa africanamente harmoniosa























Dya Kaíta

Mesa decorada com porta-guardanapo, individuais e porta-talheres de pano africano

Os individuais redondos (jogo americano), os porta-talheres e os porta-guardanapos desta mesa de almoço foram feitos do mesmo pano da África Ocidental. À isso juntaram-se copos de cerâmica da Etiópia, jarro de flores em madeira de Moçambique e bases para copos do Congo Democrático para uma decoração de mesa africanamente harmoniosa.























Dya Kaita