Escritor e ministro da Cultura de Cabo Verde,
Mário Lúcio Sousa dedicou este domingo, 24, o Prémio Literário Miguel Torga -
Cidade de Coimbra (Portugal), que pela primeira vez não foi atribuído a um português, aos
escritores cabo-verdianos.
"O povo cabo-verdiano é que ganhou
este prémio através de mim", disse neste domingo à agência Lusa Mário Lúcio
Sousa, ministro da Cultura, após ter sido informado da decisão do júri do
Prémio Literário Miguel Torga - Cidade de Coimbra.
O prémio distinguiu a obra inédita
"Biografia do Língua", um romance em que o autor conta a história,
parcialmente baseada em factos reais, de "um escravo que sabia
línguas" e que, a partir de Cabo Verde, após os Descobrimentos, no século
XV, seguia a bordo das naus portuguesas para "ajudar a vender outros
irmãos", no Brasil e noutros territórios da América do Sul, explicou.
"Em 2010, estando eu em Serpa, Alentejo
de Portugal, ocorreu-me escrever sobre a vida de uma das profissões mais
ingratas que homem algum pôde exercer, o de ’língua’. Este era um negro que ia
como intérprete nos navios de brancos para a compra dos negros", afirma
Mário Lúcio Sousa, numa introdução à obra.
O laureado declarou que o prémio que vai
receber, provavelmente na primeira quinzena de Julho, em Coimbra, "é uma
distinção para os escritores e a população" de Cabo Verde.
Habitualmente, o Prémio Literário Miguel
Torga é entregue ao vencedor no Dia da Cidade de Coimbra, 04 de Julho, numa
cerimónia pública no salão nobre da Câmara Municipal, que deverá ser desta vez
adiada alguns dias, já que o escritor cabo-verdiano está envolvido nas
comemorações dos 40 anos da independência de Cabo Verde, proclamada a 05 de
Julho de 1975.
asemana
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