“Esta exposição não era
para ter como tema a Mulher, mas como continuo muito decepcionado com os
homens, voltei novamente a escolher a Mulher como centro das atenções”. Foi
desta forma singela, que o artista plástico moçambicano Francisco Vilanculos explicou a
temática da sua exposição individual, intitulada “Dois Tempos”, que está
patente desde o dia 19 na Mediateca do Espaço Joaquim Chissano, em Maputo.
E concluiu: “Esta
desilusão com os homens é porque nós maltratamos muito as mulheres. O homem
está sempre em primeiro lugar, é sempre o número um. Esta exposição é uma
maneira de compensar tudo aquilo que elas têm feito por nós e também de mostrar
o seu poder, a sua sabedoria, a sua experiência”.
“Dois Tempos” vem na
sequência de “Expressão no Olhar e Olhar de Expressão”, a anterior mostra de
Francisco Vilanculos, em que a Mulher não tinha muita força de expressão.
A sua única forma de
expressão era o olhar. “Na altura fiz essa exposição para mostrar os desafios
que as mulheres tinham pela frente”, refere o artista.
Em “Dois Tempos” a
tradição mistura-se com a modernidade.
“Esta mulher já sai de
casa, trabalha, usa o seu batom, dá os seus próprios passos, já tem voz
própria, está a entrar na modernidade mas ainda tem muitos desafios pela
frente”, anota o artista.
Francisco Vilanculos
trouxe 12 obras para esta exposição e utilizou a técnica de óleo e acrílico,
ambos sobre tela. Muitas delas são tão realistas que se confundem com
fotografia. Os rostos aqui retratados são, na maior parte deles, reais. “São
vizinhas, família, pessoas desconhecidas…gostei da sua história quando interagi
com elas.
“Para mim, os rostos têm
de trazer alguma luta, alguma força. E o olhar? O olhar é sempre real, não
posso disfarçar. Posso distorcer um pouco a imagem mas o olhar tem de ser real.
É 100 por cento real”, esclarece o artista.
Refira-se que “Dois
Tempos”, com entrada livre, estará patente até ao dia 29 de Agosto.
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