domingo, 10 de janeiro de 2016

Encanto a partir da palha em Maputo

 
Na avenida da marginal, nas bermas da praia da Costa de Sol, em Maputo, encontra-se um grupo de homens que, há décadas, se dedica ao artesanato. Trata-se de cerca de 50 artesãos que com simples ferros e palhas fazem verdadeiras obras de arte, capazes de encantar qualquer alma com bom gosto.
Vasos, cestos, malas, cómodas, cadeiras, mesas, guarda-fatos, estantes, camas e candeeiros, são alguns dos objectos produzidos por aqueles artesãos que se dedicam a arte de esculpir a palha.
Muitos, hoje verdadeiros pais de família, começaram a trabalhar a palha ainda em tenra idade e nunca experimentaram actividades diferentes desta. Segundo contam, não foi por falta de opção. Foi sim pelo amor do resultado que obtêm a cada final de um trabalho.
Para preparar aqueles utensílios os artesãos chegam a levar um a sete dias, dependendo da complexidade do produto. “Coisas como candeeiros, cestos para cabazes levam menos tempo em relação a mesas que saem com cadeiras, pois são mais complexos”, disse ao jornal domingo de Maputo um dos artesãos, Mário João Sitoe.  
Mário João Sitoe, 45 anos de idade, começou esta actividade nos anos 80. O seu cunhado, esposo da irmã, foi o responsável pela paixão que invadiu o seu coração. Actualmente é pai de família e garante: é daqui que vem o meu pão de cada dia.
Em conversa com o domingo, referiu que no início trabalhavam em casa e só posteriormente deslocaram-se à praça do destacamento feminino. No entanto, no ano de 2001, foram transferidos, pelo conselho municipal, para o espaço que actualmente ocupam.
Em 2010 organizaram-se em grupo e fundaram a Associação Artesanato de Palha. Entretanto, antes desta, tinham um grupo o qual designavam Cooperativa. Segundo a nossa fonte, “a Cooperativa era na verdade uma espécie de associação criada por volta dos anos 80. A sede situava-se no bairro da Polana Caniço”.
No início, apenas 10 indivíduos faziam parte da Cooperativa e só anos mais tarde o número de membros aumentou. “Actualmente a associação está com cerca de 50 membros”, disse.
Questionado sobre como está a venda das mobílias por eles produzidas, referiu que actualmente as coisas já não vão de vento em pompa como antigamente, é que “esta actividade já não é muito rentável. Agora, sobretudo neste ano, produzimos muito mas os clientes estão escassos”,afirmou.  
Acrescentou que a estas alturas do ano (antes do fim do ano), por exemplo, era suposto estarmos a receber muitas pessoas à procura de cestinhos de cabazes mas isso não está a acontecer. Está tudo parado.
PAIXÃO PELO TRABALHO
Os artesãos precisam de dois materiais essenciais para preparar as mobílias. Trata-se da palha e do ferro. O primeiro item é para os acabamentos e embelezamento dos produtos e o último é responsável pela forma.
O mercado do Xipamanine é o local onde adquirem a palha vindo principalmente da Província de Inhambane e da Ponta do Ouro, província do Maputo. Já o ferro é adquirido nas diferentes ferragens da cidade de Maputo.
De acordo com o artesão, uma vez adquiridos os ferros são levados, com os respectivos modelos, para os serralheiros. O nosso trabalho é muito apaixonante. Antes de fazer as mobílias criamos os esqueletos de modo que possamos por fim decorá-las com palhas. Muitas vezes temos de coordenar com serralheiros.

Refira-se que os clientes da associação são de diferentes partes do país e não só. No entanto, actualmente, os que mais compram os produtos são cidadãos moçambicanos, quando no passado os maiores clientes eram estrangeiros.

jornal domingo de maputo

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