segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Mayimona Vua expõe em Milão


Os admiradores de artes plásticas renderam-se ao talento de Mayimona Vua, depois de visitarem a sua exposição no pavilhão de Angola, na Exposição Universal de Milão 2015.



A inauguração da exposição “Caça do Homem Mascarado” juntou personalidades angolanas e estrangeiras. Entre as figuras angolanas presentes, o destaque recaiu para a comissária geral do pavilhão na Expo, Albina Assis, o embaixador de Angola em Itália, Florêncio de Almeida, e a Secretária de Estado para as Relações Exteriores, Ângela Bragança

jornal de angola

sábado, 29 de agosto de 2015

Obras de arte de cimento


Por Samuel Uamusse
Samuel Macaringue é um artista moçambicano anónimo, apaixonado pela natureza, que manifesta os seus sentimentos de alegria e tristeza através da escultura feita de forma diferente da habitual. Ele usa cimento de construção para produzir obras que representam animais de grande porte.

Macaringue conta que se apaixonou pelas artes aos nove anos de idade quando, juntamente com outras crianças da sua zona de origem, no Posto administrativo de Lionde, em Gaza, pastava gado bovino, caprino e ovino que pertencia à sua família.

Foram estes animais que o inspiraram e, na altura, recorrendo a argila moldava imagens de bois, cabritos e ovelhas, animais com os quais lidava diariamente nas planícies atravessadas pelo rio Limpopo.

Nessa altura outros meninos da sua idade usavam a mesma argila para moldar automóveis, particularmente tractores agrícolas que lavravam extensas terras, e camiões que vinham carregar produtos agrícolas para os mercados do país, com maior escala para Maputo e Xai-Xai.
Entretanto, ele revela que a sua paixão era mesmo pela natureza pelo que se contentava em esculpir animais

A procura de melhores condições de vida, em 1972 fixa-se em Maputo e trabalha nos Caminhos de Ferro-de-Moçambique (CFM) durante dois anos. Depois retoma a produção de escultura, mas já como fonte de subsistência e, para efeito, usava barro que adquiria em Magul, distrito da Macia, província de Gaza, para produzir obras como vasos, porta-velas e vários tipos de animais para a venda.

A sua carreira atingiu o pico em 2007 quando descobriu o cimento como matéria-prima para a sua actividade. Nessa altura começa a esculpir imagens de animais de grande porte e com maior resistência em relação a todos os outros objectos que já tinha produzido.
“Eu produzo estátuas de todo tipo de animais com cimento, desde aves, rastejantes, bípedes e quadrúpedes”- disse Macaringue.

Queria apetrechar jardins municipais

No auge da carreira, Samuel Macaringue chegou a manifestar a intenção e a disponibilidade de apetrechar os jardins municipais com vasos e outras obras de artes a preços bonificados, mas o projecto ficou pelo caminho devido a excessiva burocracia na administração pública.

“Contactei o Conselho Municipal da Cidade de Maputo no sentido de estabelecer uma parceria para fornecer obras de arte a preços simbólicos relativamente ao valor das obras ou dos valores praticados pelos outros artistas de renome na praça, mas não passou daí”, conta o artista.

A fonte disse que nas negociações não houve sucesso devido ao excesso de burocracia instalada nas instituições públicas e duvida que a sua proposta tenha, inclusive, chegado a quem cabia a responsabilidade de dar o aval.
“Eu não estudei, mas acompanho através da imprensa a falar-se da conservação do meio ambiente. E queria contribuir com a minha arte, a educar, e mobilizar o cidadão a ter gosto pela natureza e preservá-la, através das obras de arte como animais e desencorajar a caça furtiva que dizima várias espécies no país”, acrescentou.

Macaringue queixa-se de falta de espaço para execução da sua arte e promoção das suas obras, para que ele saia do anonimato. “Sinto que o meu talento está perdido porque não exploro o máximo dele, faço trabalhos de pequenas encomendas caseiras e isso nem constitui a metade do meu potencial”, revelou.

 jornal notícias


quinta-feira, 27 de agosto de 2015

"Dois Tempos" sobre a mulher do moçambicano Vilanculos

“Esta exposição não era para ter como tema a Mulher, mas como continuo muito decepcionado com os homens, voltei novamente a escolher a Mulher como centro das atenções”. Foi desta forma singela, que o artista plástico  moçambicano Francisco Vilanculos explicou a temática da sua exposição individual, intitulada “Dois Tempos”, que está patente desde o dia 19 na Mediateca do Espaço Joaquim Chissano, em Maputo.
E concluiu: “Esta desilusão com os homens é porque nós maltratamos muito as mulheres. O homem está sempre em primeiro lugar, é sempre o número um. Esta exposição é uma maneira de compensar tudo aquilo que elas têm feito por nós e também de mostrar o seu poder, a sua sabedoria, a sua experiência”.
“Dois Tempos” vem na sequência de “Expressão no Olhar e Olhar de Expressão”, a anterior mostra de Francisco Vilanculos, em que a Mulher não tinha muita força de expressão.
A sua única forma de expressão era o olhar. “Na altura fiz essa exposição para mostrar os desafios que as mulheres tinham pela frente”, refere o artista.
Em “Dois Tempos” a tradição mistura-se com a modernidade.
“Esta mulher já sai de casa, trabalha, usa o seu batom, dá os seus próprios passos, já tem voz própria, está a entrar na modernidade mas ainda tem muitos desafios pela frente”, anota o artista. 
Francisco Vilanculos trouxe 12 obras para esta exposição e utilizou a técnica de óleo e acrílico, ambos sobre tela. Muitas delas são tão realistas que se confundem com fotografia. Os rostos aqui retratados são, na maior parte deles, reais. “São vizinhas, família, pessoas desconhecidas…gostei da sua história quando interagi com elas.
“Para mim, os rostos têm de trazer alguma luta, alguma força. E o olhar? O olhar é sempre real, não posso disfarçar. Posso distorcer um pouco a imagem mas o olhar tem de ser real. É 100 por cento real”, esclarece o artista.
Refira-se que “Dois Tempos”, com entrada livre, estará patente até ao dia 29 de Agosto.

 jornal notícias

Especialista brasileira apresenta "Os Bakongo de Angola"


“Os bakongo de Angola: etnicidade, religião e parentesco num bairro de Luanda”, da autoria da antropóloga e professora universitária brasileira Luena Pereira, foi apresentado na capital angolana.

A obra de 332 páginas retrata aspectos sócio-culturais da etnia bakongo de Angola e foi apresentada, quarta-feira, numa conferência organizada pela Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto.

A docente disse que desde a década de 90 do século passado, o país registou uma grande implantação de igrejas e outras confissões religiosas denominadas independentes africanas, geralmente de matriz cristã, por iniciativa de membros da etnia bakongo.


“Apesar da proliferação das igrejas ser um fenómeno marcante no mundo cristão, em Angola esse caso assume um perfil marcadamente bakongo”, ressaltou.

jornal de angola

Mostra colectiva de pintura em Benguela

 

Cinco artistas do Núcleo de Jovens Pintores da província angolana de Benguela expõem, desde segunda-feira, numa mostra colectiva de artes plásticas, com objectivo de fomentar a pintura na região.

A exposição, a encerrar amanhã, sexta-feira,  conta com obras dos pintores José Júnior, Paulo Chavonga, Maria Armanda, Belardo e Jairo.
Em declarações à ANGOP, o coordenador do Núcleo de Jovens Pintores de Benguela, José Júnior, disse que o evento resulta de uma parceria entre a Mediateca de Benguela e o super-mercado Kero, onde decorre o evento.
José Júnior, também representante provincial da União Nacional dos Artistas Plásticos (UNAP), fez saber que a exposição contempla quadros com pinturas abstractas, surrealistas, paisagistas, entre outros estilos.
Os quadros, complementou, são pintados na técnica de óleo sobre tela e acrílico.  

Referiu que os expositores estão satisfeitos com a iniciativa, por não ser frequente surgirem actividades do género, devido a falta de galerias de arte na cidade de Benguela.

O Núcleo de Jovens Pintores de Benguela tem matriculado, na sua escola, 38 crianças, dos oito aos 16 anos, que recebem aulas de iniciação à arte de desenhar, ministradas por dois monitores.

angop

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Moçambique e Guiné-Bissau no festival de cinema da Suíça

A 10.ª Edição do Festival de Cinema Africano que decorre em Lausana, Suíça, até domingo inclui uma selecção de 54 filmes oriundos de 22 países, entre os quais Moçambique e Guiné-Bissau.
O filme guineense “O Espinho da Rosa” que aborda os temas da pedofilia e incesto é um dos presentes. Trata-se da primeira longa-metragem do guineense Filipe Henriques, que não está presente em Lausana.
O realizador moçambicano Sol de Carvalho apresenta o seu primeiro documentário, “Caminhos da Paz. Com mais de 120 realizações e produções, Sol de Carvalho quis oferecer neste documentário um retrato jornalístico e histórico sobre o processo de paz em Moçambique.
“Queria dar um legado para as novas gerações. Um dia vão ver este filme e poder reflectir sobre o passado do país”, disse à Agência Lusa o realizador que também trabalhou como jornalista.
Neste documentário trabalhou com imagens de arquivos e entrevistas a personalidades envolvidas na assinatura dos Acordos de Paz.
Com este filme, Sol de Carvalho descobriu novos aspectos da guerra e da reconciliação. Isso levou o realizador a explorar outros temas, como a influência da “guerra fria” na África Austral, as crenças tradicionais durante a guerra e o papel das mulheres durante o conflito.
O Festival de Cinema Africano celebra dez anos de actividade e começou a ganhar fama internacional há cerca de quatro anos, de acordo com o director do festival Boubacar Samb.
Questionado sobre o cinema dos PALOP no Continente Africano, Boubacar Samb ressaltou “a qualidade técnica dos filmes moçambicanos e angolanos” e acrescentou que “a guerra e pós-guerra são temas recorrentes”.

Este ano, entre os eventos previstos, a organização dedica uma retrospectiva em homenagem a Paulin Soumanou Vieyra, pioneiro do cinema africano nascido no Benim, e mostra uma exposição do fotógrafo congolês Baudouin Mouanda.

jornal notícias

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Filme angolano sobre Njinga Mbandi exibido em Washington


O filme angolano "Njinga, Rainha de Angola", produzido pela Semba Comunicação, estreou sábado, no auditório do Goethe Institute, em Washington.


Uma nota de imprensa da Embaixada angolana nos EUA refere que “a estreia do filme angolano despertou o interesse de cidadãos americanos ligados à arte e cultura, académicos, estudantes universitários, homens de negócios, amigos de Angola, jornalistas e da comunidade residente, que, no dia da estreia, lotaram por completo” o auditório do Goethe Institute.
O evento, uma organização da ONG americana African Diaspora International Film Festival (ADIFF), com o apoio da Embaixada de Angola nos EUA, insere-se no quadro do festival internacional de cinema da diáspora Africana que decorreu em Washington, D.C., de 21 a 23 de Agosto do corrente.
A ADIFF, em actividade durante os últimos nove anos em Washington, promove uma selecção de filmes sobre a experiência de pessoas, com um forte interesse para o continente e a  diáspora africanos.
Prestigiaram o evento, Maggie Johnson, membro do Conselho de Administração do Museu de Arte Africana, que pertence desde 1964 à instituição americana Smithsonian, e Malik Chaka, Director de Programas do Millennium Challenge Corporation (MCC), uma agência de ajuda externa, criada pelo Congresso dos EUA em Janeiro de 2004.
Na longa-metragem, o papel de Njinga Mbandi, considerada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), uma das 25 figuras femininas mais importantes da história de África. é interpretado pela actriz angolana Lesliana Pereira, num elenco que inclui também os actores Erica Chissapa, Ana Santos, Sílvio Nascimento, Miguel Hurst, Jaime Joaquim e Orlando Sérgio.

O filme tem realização de Sérgio Graciano e produção executiva de Sérgio Neto, Renato Freitas e Coréon Dú, filho do Presidente angolano Eduardo dos Santos.

angop

Guiné Bissau exibe filmes cabo-verdianos

 

A cidade de Bissau acolhe de 22 a 26 de Setembro uma mostra de filmes realizados ou produzidos por cabo-verdianos, enquadrada nas comemorações do 42.º aniversário da independência da Guiné.

A Associação de Cinema e Audiovisual de Cabo Verde (ACACV) retribui assim o gesto da sua congénere guineense, que em fins de Junho e início de Julho promoveu na Praia um ciclo de cinema com obras de realizadores daquele país.

A mostra de filmes da Guiné-Bissau "foi um êxito e encerrou com a assinatura de um protocolo de intenção de parcerias entre o Instituto de Cinema da Guiné-Bissau e a Associação de Cinema e Audiovisual de Cabo Verde", recorda Júlio Silvão Tavares, presidente da ACACV. Agora está em curso a montagem da segunda fase desta iniciativa, que terá lugar na Guiné-Bissau com o ciclo de filmes cabo-verdianos.
Além da mostra, a ACACV promoverá uma conferência sobre a evolução do cinema em Cabo Verde e assinará um protocolo de parceria com o Instituto de Cinema e do Audiovisual da Guiné-Bissau. "Existe a intenção de esta actividade ser realizada de dois em dois anos” e, entretanto, terão lugar “acções de formação alternadas, em termos de espaço territorial. Ou seja, ora em Cabo Verde ora na Guiné-Bissau", explica Júlio Silvão Tavares.

Por agora, o presidente da ACACV convida todos os realizadores e produtores do nosso país a participarem na mostra de Setembro próximo. "Gostaríamos de ter uma delegação bem alargada, mas a nossa debilidade financeira e a do nosso parceiro só permite suportar duas pessoas", lamenta. Quer dizer que "a participação da maioria deve consistir em disponibilizar as obras cinematográficas para exibição gratuita durante a semana da mostra", diz Silvão Tavares.

asemana

Pés descalços para homenagear Cesária Évora


Sair à rua de pés descalços em homenagem a Cesária Évora. Este é o desafio que a produtora Harmonia lança, pela terceira vez, aos cabo-verdianos na próxima quinta-feira, 27, dia em que a Rainha da Morna faria 74 anos, se estivesse viva.

Trata-se de uma forma “autêntica” de recordar a simplicidade de Cize, que apesar de ter brilhado sempre nos palcos do mundo por onde passou, fez questão de celebrar o seu aniversário no Mindelo, a sua terra natal.

A produtora musical Harmonia diz, em nota, que para "dar continuidade à brilhante ideia de Moisés Évora, jornalista da Rádio Cabo Verde, convida todos os que seguiram Cesária Évora no seu percurso a marcar o dia em que ela completaria 74 anos, com o simbolismo da sua autenticidade".
A intenção é passar esse dia com os pés descalços - uma particularidade que caracterizava a diva da música cabo-verdiana e que inspirou o nome do seu primeiro disco - e que continua a ser uma expressão utilizada quando se fala de Cesária Évora e da sua simplicidade.
Este apelo ao Dia dos Pés Descalços já registou adesões em França e Portugal. Recorde-se que no ano passado esta iniciativa ultrapassou as fronteiras de Cabo Verde e chegou a outras paragens do mundo com muitos fãs e admiradores da diva a aderirem à iniciativa. Andar com os pés descalços para relembrar aquela que foi uma das jóias mais preciosas do país, que com a sua voz retratou a alma do povo crioulo e ensinou o mundo a cantar Cabo Verde.

Nomes como a cantora de jazz brasileira Badi Assad, o presidente  Jorge Carlos Fonseca, a ministra de Educação de Cabo Verde, Fernanda Fernandes, os artistas Antero Simas, Voginha e Tiolino, entre outros, prestaram este tributo no ano passado. Na área do teatro, João Branco e Vítor Silva também entraram nesta lista.

asemana

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Vasco Manhiça expõe o seu "Ponto de Vista"

“Ponto de Vista” é o título de uma exposição individual do artista plástico moçambicano, radicado na Alemanha, Vasco Manhiça, patente desde ontem no Instituto Camões – Centro Cultural Português, em Maputo. 
Nesta mostra, o pintor expõe quadros que expressam a sua visão sobre o mundo, desde a sua terra natal até ao país que o acolheu.
Para a autora do texto do catálogo da exposição e crítica de arte, Erin Rice, as novas obras de Vasco Manhiça testemunham o crescimento pessoal do artista nos dois últimos anos. “Elas demonstram, no seu controlo da cor, linha, texto e espaço, uma elevada confiança e expressividade”, acrescenta Rice.
Afirma ainda que os quadros de Manhiça se movem, com fluidez, entre o político e o pessoal, fazendo uma referência cultural específica à cidade de Maputo, através do retrato de situações do quotidiano dos seus habitantes.
 
Vasco Manhiça realizou a sua última exposição em Maputo, em 2013. No ano passado participou, na IV edição do programa Àsikò, realizada em Dakar, no Senegal. Este evento, da iniciativa do Centro de Arte Contemporânea de Lagos, na Nigéria, tem como objectivo promover a reflexão crítica sobre a arte a partir do Continente Africano. Foi este programa que despertou no artista moçambicano o interesse de explorar o campo de teorização sobre o pós-colonialismo e sobre a arte na actualidade.
Vasco Manhiça nasceu em 1978, na província de Nampula. É formado em Design Gráfico pela Escola Nacional de Artes Visuais (ENAV), onde também foi professor entre 1999 e 2001.  
Começou a expor em 1995, tendo realizado desde então quatro exposições individuais. Foi distinguido com vários prémios em Moçambique, entre os quais o 1.º Prémio da Bienal TDM na categoria de desenho.
As suas obras integram diversas colecções públicas e privadas no país e no estrangeiro e tem participado regularmente em workshops, residências artísticas e exposições colectivas na África do Sul, Alemanha, França, Holanda, Portugal e Senegal.

A exposição “Ponto de Vista” pode ser vista até 24 de Setembro, no Centro Cultural Português em Maputo.

jornal notícias

100 anos da batalha do Môngua

Celebra-se hoje o centenário da batalha da Môngua, ocorrida a 20 Agosto de 1915, entre as forças do rei Mandume-ya-Ndemufayo e o exército colonialista português.
A batalha da Môngua, centralizada na defesa das 12 famosas cacimbas na circunscrição, foi das mais sangrentas de todos os tempos, uma vez que marcou uma viragem decisiva no processo de ocupação colonial do sul de Angola.
A resistência foi longa, pois os guerreiros combatentes de Mandume mostraram determinação e coragem contra os portugueses durante quatro anos de batalha para a posse das cacimbas da Môngua.
Face a seca cíclica que sempre se fez sentir naquela zona, as cacimbas da Môngua constituíam único recurso para os guerreiros combatentes do último soberano dos Ovakuanhama, pois era único sítio onde se podia conseguir água, daí que se tenha tornado numa área bastante disputada pelas partes em conflito e a sua ocupação teve um significado singular para as tropas coloniais portuguesas.
Actualmente as 12 cacimbas estão classificadas como património cultural nacional.
Para assinalar a efeméride, na localidade de Oshana Sha Ukwangula, comuna da Môngua, província do Cunene, realiza-se hoje, quinta-feira, um programa de celebração, onde se destacam visitas às cacimbas da Môngua, ao Memorial do rei Mandume ya- Ndemufayo, localizado em Oihole, município de Namacunde.

O acto inclui também uma palestra sobre a ”Importância histórica da batalha da Môngua” e momentos culturais como exibição do grupo de dança Ombembwa, exposição artesanal e apresentação simulada de alguns cenários da batalha.

angop

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Primeira dama de Cabo Verde prefacia livro infantil

Primeira-dama assina prefácio de livro infantil 

A primeira-dama de Cabo Verde, Lígia Fonseca, assina o prefácio de um livro infanto-juvenil intitulado Malik and Friends: Long legs and Small Arms (Malik e os amigos: pernas longas e braços pequenos), da norte-americana Harriet Lewis, que chama a atenção para a violência que afecta as crianças do século XXI.

Lígia Fonseca assina o prefácio do livro que desperta para a violência que afecta as crianças do século XXI nas suas múltiplas vertentes - fome, maus-tratos, abandono, guerras, escravatura - e põe a tónica no desporto (futebol) como factor de união de nações e de promoção de tolerância e do respeito pela diversidade. A obra desenrola-se no espaço temporal EUA/Cabo Verde.

Para Harriet Lewis, a escolha da primeira-dama de Cabo Verde para integrar este projecto literário deve-se ao "intenso trabalho que tem desenvolvido na promoção de uma infância feliz e de maiores e melhores oportunidades para as crianças".

De origem moçambicana (filha do político Máximo Dias), Lígia Fonseca, aproveita o apreço e apela "ao envolvimento de todos: pais, sociedade civil, Estado no combate a todo o tipo de violência que afecta a nossa juventude nas escolas, nas ruas e até mesmo nas relações de namoro". No entanto, mostra-se "esperançada num mundo melhor para todas as crianças do mundo inteiro, baseado no respeito pelos seus direitos, inclusão e reconhecimento".

asemana

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Gabonês Pahé no Luanda Cartoon


O cartoonista gabonês Pahé  é a estrela convidada da XII edição do  Luanda Cartoon que se inicia na próxima sexta-feira com o debate sobre as novas tendências e rumos da banda desenhada angolana.

Carlos Alves, criador angolano do cartaz desta edição e um dos artistas convidados, disse, ao Jornal de Angola, que a XII edição do Festival Internacional de Banda Desenhada “Luanda Cartoon” é uma porta aberta para os jovens talentos mostrarem o seu potencial.

Para o criador, o actual número de jovens a apostarem neste género artístico é um sinal positivo para uma maior aposta do empresariado na banda desenhada. Porém, chamou a atenção para a qualidade dos temas apresentados nos seus trabalhos.
“Antes, quando a banda desenhada começou a dar os primeiros passos no país eram poucos os artistas do género. Hoje a adesão de jovens é muito maior. É um número considerável e já dá uma certa credibilidade às produções nacionais. Mas é preciso evitar-se os temas sobre violência ou que incitem a tal”, disse. 


A questão da escolha dos temas, reforçou, é um assunto muito polémico e que requer uma maior união entre os “kotas” da arte com os jovens, de forma a que estes passem a procurar por assuntos que ajudem na protecção e valorização da identidade nacional e das tradições. “É preciso educar os jovens de forma que sejam os responsáveis pela próxima geração de angolanos. Desta forma estamos a ajudar a fazer um país melhor.”

Apesar de defender a criatividade artística, nas suas diferentes vertentes, Carlos Alves considerou fundamental que os jovens cartoonistas comecem a explorar mais temas enquadrados na realidade angolana. “Temos de ter um traço característico, capaz de identificar as criações africanas, porque ainda existem artistas que procuram explorar mais o que vem de fora”, lamentou. As actuais mudanças neste género, em termos de público, também são um ponto-chave que na opinião do artista precisa ser mais aproveitado, para que no futuro exista no país uma banda desenhada com capacidade de honrar os angolanos.

Carlos Alves informou que para esta edição preparou uma reflexão, em banda desenhada, sobre os 40 anos da Independência Nacional, como uma forma de aconselhar os jovens sobre os feitos, custos e ganhos da Independência.
“É um legado que tem de ser transmitido à próxima geração, para que estes saibam agraciar e reconhecer este bem, que foi obtido com muitos sacrifícios. É também uma aula sobre a história do país e a importância dos jovens fazerem de tudo para darem sequência a este sonho e construírem um país melhor.”

O cartoonista chamou ainda atenção dos jovens para a questão da formação, um passo fundamental na reconstrução nacional. “Precisamos construir um país com bases sólidas e a formação dos quadros é fundamental”, defendeu.
 O Festival Internacional de Banda Desenhada Luanda Cartoon é resultante de uma parceria, iniciada em 2003, entre o Olindomar Estúdio e o Instituto Camões.

A XII edição do projecto, à semelhança dos anos anteriores, inclui a apresentação de uma exposição de caricatura e outra de banda desenhada, a exibição de cinema de animação, em 2 D e 3 D, e a realização de vários seminários para profissionais e amadores desta arte e a presença do português Paulo Monteiro como convidado especial.

jornal de angola

Cabo-verdiana abre festival de música africana em Londres

Suzanna Lubrano abre Festival Africano em Londres

A cantora cabo-verdiana Suzanna Lubrano vai estar no próximo mês, a partir do dia 18 até 27, em Londres, onde vai fazer a abertura do Festival de Música Africana.

Pela primeira vez na capital da Inglaterra, a artista cabo-verdiana sobe ao palco no dia 18, num show que vai durar duas horas e meia. Com 20 anos de carreira internacional, vai actuar no espaço Tabernacle, em Noth.

Suzanna Lubrano vai estar acompanhada pela sua banda da Holanda e cantará as músicas mais antigas da sua carreira que foram sucesso. São os casos de “Sem Bo Nes Mund”, “Fofo” e “Razão d´Nha vida” dos anos 1990. Isto sem contar com temas dos anos 2000, como “Tudo Pa Bo”, “Reservan”, “Nha Sonho”, “Festa Mascarado”, entre outros.

asemana

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Festas dos povos Mbunda


A riqueza e a diversidade da arte e da cultura dos Mbunda foram a principal atracção das festividades desta região etnolinguística, que terminam domingo, no município dos Mbundas Moxico.

As festividades, marcadas pela realização de inúmeras exposições de artesanato, de produtos de medicina tradicional e outros sobre o potencial agrícola da região, servem também para homenagear o rei dos Mbunda, Mwene Mbandu III.

Durante as festividades, que tiveram a duração de quatro dias, foram também realizadas visitas aos locais turísticos da região, assim como várias palestras sobre a trajectória do reinado e o actual crescimento do município.

A música e a dança também foram uma referência ao longo da actividade, principalmente por alguns estilos pouco divulgados. Entre as várias danças tradicionais, típicas da região, exibidas durante a actividade, os maiores destaques foram o macopo, chianda e a cachacha.
A preservação e maior divulgação destas danças, assim como de alguns hábitos da região também estiveram em evidência ao longo da actividade.

A cerimónia ficou ainda marcada pela participação de diversas individualidades da Zâmbia, Luanda e dos outros municípios do interior do Moxico. O festival cultural, realizado anualmente, explicou um dos membros da organização, é realizado com o objectivo de divulgar mais a cultura e a metamorfose  dos Mbunda, assim como incentivar o resgate dos princípios e tradições típicas da região.
A história do povo Mbunda, reforçou Salvador Cacoma, tem origem no grupo étnico bantu, proveniente da África Central, nomeadamente na região de Cola, do império Luba e Rund do Congo.



Entre os Nganguelas que vivem na região Leste do país destacam-se os Mbunda, Luvale, Luena, Lutchaze, Luimbi e os Camachi. Todos são tradicionalmente pequenos agricultores que fazem alguma recolecção e criação de pequenos animais. A sua existência começou a ser conhecida dos europeus já no século XVII, por um duplo envolvimento nas redes comerciais desenvolvidas por estes: por um lado, no tráfico de escravos a partir de Luanda e Benguela, por outro lado, no comércio das caravanas organizado pelos Ovimbundu nos séculos XIX/XX, onde eram os fornecedores de cera, mel, marfim e outros bens transaccionáveis.

Estes povos distinguem-se entre eles pelas respectivas línguas e as suas identidades sociais. Enquanto os povos vizinhos, como os Chokwe, os Lunda e os Ovimbundu, os identificam perfeitamente, muitos pessoas, incluindo alguns historiadores, têm tendência a considerar estes povos como Ovimbundu.
Mbunda, também conhecida como chimbunda ou mbuunda, é ainda uma das várias línguas africanas, falada em Angola e na Zâmbia.

Em Angola é falada por 135.000 cidadãos nacionais na província do Moxico e na região sudoeste.
Porém, desde o século XIX verifica-se uma emigração Mbunda para a Zâmbia e Namíbia. Actualmente começa existir diferenças entre a língua falada em Angola (onde desenvolveu vários dialectos) e a da Zâmbia.


Os Ngangelas são povos que ocupam maioritariamente a parte Leste de Angola (Moxico) e Sudeste (Cuando Cubango) e alguns núcleos na Huíla e Bié, fazendo parte das sociedades cujas origens, segundo os seus membros, são apontadas como tendo sido fora de Angola. Divididos em dois hemisférios, devido à penetração dos Lunda-Cokwe, os nganguela chegaram a ser tributários dos Luena, estes, antigos Lunda-Cokwe que adoptaram a língua dos Nganguela.

jornal de angola

Os Mushimbas e a preservação da identidade

Fabiana Hitalukua, ANGOP

 
Donos de uma rica cultura e cheios de tradições, os Mushimbas assentam os hábitos num sistema duplo ou bilateral de descendência, no qual cada pessoa pertence ao mesmo tempo a dois clãs (matrilinear e patrilinear), sendo que os grupos filiados no lado materno são chamados “Omaanda” e os paternos “Otuzo”.
Características corporais
Os Mushimbas são indivíduos que utilizam a pintura corporal de tom avermelhado, obtida a partir da raspagem de pedras de óxido de ferro, da qual tiram o pó e, para aderência no corpo, usam manteiga produzida do leite de vaca, dando-lhes o cheiro e cor característicos.
O tipo humano dos mushimbas revela traços que provam a sua interligação com os povos Cushiticos, através de algumas notórias características, nomeadamente a coloração da pele, influência linguística, traços faciais finos, hábitos de vida e de comportamento, e grande semelhança de costumes e tradições.
Localização geográfica
Habitam actualmente as regiões do sudoeste de África, como Angola, Namíbia e Botswana, e em Angola estão localizados no município do Curoca, entre as províncias do Cunene e Namibe. Apesar de distintos, são conhecidos pela preservação da cultura e sua riqueza, razão pela qual são considerados o grupo mais rico do município.
Poder administrativo
No poder governativo, o chefe é escolhido através de aposta das decisões políticas e é acompanhado por um grupo de conselheiros, representando diferentes sectores, mas que deve evitar o personalismo e o egocentrismo, praticando a economia familiar voltada para o colectivo. Já no ramo da justiça, as infracções são resolvidas em colectivo, onde são aplicadas multas pesadas com o pagamento de gado bovino.
Hábitos e costumes dos mushimbas: corte do cabelo
A cultura dos mushimbas resiste à civilização do penteado de uma trança, chamada "ndombi” para os rapazes, que simboliza o estado solteiro.
Segundo o ritual, o rapaz depois de ter sido circuncidado começa a criar cabelo até fazer trança. Essa trança é desfeita quando estiver prestes a contrair o matrimónio.
Para tal, a tradição atribui uma importância essencial ao costume do penteado, embora haja grande variedade de formas e de estilos, de apresentação dos cabelos e dos penteados.
Em geral, seguem os qualificativos de género (cortes e penteados infantis, femininos e masculinos), idade (segundo ritos de passagem da infância, puberdade, vida adulta) e de acordo com determinado papel social, em que desempenha uma função identitária.
Os meninos Chimba ou Muhimba, tradicionalmente aos 9 ou 14 anos, utilizam trança única que, em geral, é desfeita por um especialista assim que atingem 20 e 25 anos, altura em que ela é repartida em duas tranças (semelhante aos chifres do boi).
O cabelo do adolescente é untado pelo seu pai com manteiga e bosta de boi no ritual de passagem, indicando-lhe em voz alta que agora está apto para “tomar uma mulher”.
Porém, na chegada desse período, o cabelo é raspado e seis meses depois, aproximadamente, é-lhe feito outro penteado “pequena trunfa”, no qual se aplica uma unção com manteiga e folhas aromáticas. Recebe adornos e colares e fica, por fim, recluso por três dias, para possibilitar a passagem à vida adulta.
Mutilação dentária
No caso da mutilação dentária, é praticada em jovens de ambos os sexos em torno dos 13 anos de idade. A operação dentária é feita com um machadinho e retira-se os incisivos inferiores (como os Humbe, que retiravam os quatro dentes incisivos inferiores) e, tradicionalmente, esta prática está relacionada com o culto aos antepassados.
Cerimónia de circuncisão
Outro ritual para o sexo masculino prende-se com a festa da circuncisão, considerada tradição fundamental, pois o respeito social, a consideração a um homem e até o futuro casamento dele dependem desse ritual. Essencialmente, a circuncisão dos meninos pode ser levada a cabo a partir dos sete meses de idade até cerca de 12 anos, mas nunca depois dos 18, pois aquele que não se submeter à prática é considerado marginal.
As características principais da cerimónia de circuncisão dos Muhimba decorrem ainda hoje numa festa de final de ano. Os jovens candidatos á circuncisão colocam-se sobre pedras chamadas Coluo, nas quais se faz reverência aos antepassados. Diz-se na ocasião que a circuncisão será feita fora da aldeia (é um tabu fazê-la nas cercarias de dentro).
A criança é então levada para fora e faz-se um pequeno corte ao redor da pele que cobre a glande do pênis (o prepúcio), deixando-a descoberta.
Casamento
A relação matrimonial da tribo Mushimba é do estilo polígamo, podendo o homem ter três ou mais esposas, dependendo da sua situação financeira, na qual quem negocia a primeira noiva é o pai do rapaz, que pode muito bem ser uma criança de 5 anos, e a medida que a menina vai crescendo é sensibilizada de que já está comprometida até ao dia em que assume o papel de esposa. Já na segunda ou terceira mulher, quem deve negociar a escolha é a primeira esposa.
O filho não deve negar a oferta do pai, pois, segundo os hábitos e costumes. o noivo nunca mais poderá vir a se casar.
Outro mito tem a ver com o tratamento entre esposo (a) e filhos, pois pelos costumes não se pode chamar pelo nome próprio, bem como a mulher também não pode tratar o marido pelo seu nome, mas são chamados apenas pelo grau de parentesco (o pai chama filho e a mulher chama marido) e se chamar pelo nome tem um significado ofensivo.
Quanto à fidelidade conjugal, os mushimbas preservam ainda a cultura antiga, na qual quando um amigo visita outro, o dono da casa cede uma das suas esposas ao visitante para lhe fazer companhia durante a noite; um gesto que se espera ser retribuído.
Os costumes indicam que os homens das etnias mushimbas não devem entrar em sua própria casa depois das 19 horas. O homem é obrigado a passar a noite na casa de um amigo ou familiar e na manhã do dia seguinte quando for para casa tem de anunciar a chegada para dar espaço de manobra ao amante.
Ritos de óbito
Falando do ritual de morte, a tradição dos mushimbas indica que quando morre o chefe de família tem que se matar vinte ou mais cabeças de gado bovino, dependendo da situação económica, cuja carne não é consumida, mas sim levada até ao cemitério e posta ao ar livre, enquanto os chifres são colocados em volta de um tronco de árvore, símbolo de alguém que foi rico e possuidor de gado. Esta carne é posteriormente furtada pelos povos Vátuas (considerada a tribo dos pobres e que não pode ser sepultado neste cemitério).
Em caso de morte de um filho do sexo masculino procede-se da mesma forma, só que a trasladação do corpo é feita pelos tios mais velhos, que invocam os antecessores ao entrar no cemitério, com uma palavra-chave: “Ontueya”, que significa “chegamos e estamos a trazer o filho de alguém que morreu”.
Depois, são retiradas folhas de uma árvore (omufiaity), como sinal de permissão para entrar no local para realização do funeral, um acto que se for violado origina inflamação dos membros inferiores das pessoas.
Já na morte de uma mulher não se deve proceder o ritual da matança de gado, mesmo que ela possua gado. O boi não é considerado dela, mas sim da família.
Integração actual dos povos
Segundo o soba grande da etnia Mushimba no Curoca, Baptista Kamukuva, actualmente existe tendência para a aculturação da comunidade, uma vez que hoje se verifica o uso de tecidos por parte de alguns jovens, bem como os doentes já recorrem às unidades hospitalares, ao contrário da anterior prática em que os doentes eram acamados por baixo de árvores e os enfermeiros se dirigiam ao encontro deles para o tratamento.

Por outro lado, disse, os jovens que vão trabalhar nas cidades acabam por “se render” a outros modelos de civilização.