segunda-feira, 23 de maio de 2016

Manuel Rui lança novo romance em Luanda

 

O escritor angolano Manuel Rui lança amanhã, terça-feira 24, em Luanda, o seu novo romance "A Acácia e os Pássaros".

Com a sua habitual ironia, num estilo satírico, de rara beleza poética, Manuel Rui desfia a narrativa em torno do personagem principal da obra, de seu nome Januário, jornalista  freelancer, que na avidez de um pão vê-se envolvido na trama que o priva da liberdade, impedindo-o  de comer, de se pronunciar, de pensar e mesmo sonhar com pão, mas lhe dá acesso à descoberta de novos sentimentos e de novos sentidos das coisas e da vida. 
Manuel Rui nasceu no Huambo, no Planalto Central, em 1941. Licenciou-se em Direito na Universidade de Coimbra, em Portugal, onde exerceu advocacia, foi membro fundador do Centro de Estudos Jurídicos, redactor da Revista Vértice, co-autor do suplemento Sintoma e sócio fundador da editora Centelha.
Figura incontornável das artes e letras angolanas, ao longo da sua vida manteve, sempre, uma estreita colaboração com diversos jornais e revistas, desde os tempos de Coimbra, nomeadamente Jornal de Angola e Diário Luanda, entre outros, Público e Jornal de Letras e Cadernos do Terceiro Mundo.
Foi fundador das edições Mar Além, editora da Revista de Cultura e Literatura dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), subscritor da proclamação e fundador da União dos Escritores Angolanos (UEA), bem como da União dos Artistas e Compositores Angolanos e da Sociedade de Autores Angolanos.
Manuel  Rui, ensaísta, cronista, dramaturgo e poeta, é  autor do Hino Nacional de Angola e de letras de canções de Rui Mingas, André Mingas, Paulo de Carvalho, Carlos do Carmo (Portugal),  Martinho da Vila e Cláudio Jorge (Brasil).
A sua vertente literária inclui uma vasta obra de textos de poesia como os Meninos do Huambo e de ficção publicados desde 1967 até à presente data.
É autor da primeira obra de poesia e de ficção publicados em Angola após a independência. Foi galardoado com o Prémio Caminho das Estrelas em 1980, pela obra emblemática “Quem me Dera Ser Onda”, já adaptada ao teatro em vários países, designadamente em Angola, Portugal, Moçambique e Cabo Verde.
Em 2003, renunciou ao Prémio Nacional de Cultura e Artes, na modalidade de Literaturas pelo conjunto da sua obra.

As suas obras  estão traduzidas para umbundu, alemão, espanhol, hebraico, finlandês,  italiano, servo-croata, sueco e russo.

angop

segunda-feira, 9 de maio de 2016

Angola e Moçambique na bienal de arte contemporânea de Dakar

 
O angolano Délio Jasse e a moçambicana Euridice Getulio Kala estão entre os cerca de 70 artistas que participam na 12ᵃ edição do Dak'Art, a maior bienal de arte contemporânea de África, que decorre desde o dia 3 Maio, prolongando-se até 3 de Junho próximo, em Dakar, capital do Senegal.
Para o evento, que promete no presente ano revelar as mais novas e interessantes tendências artísticas africanas num espaço de diálogo e de abertura, Délio Jasse vai apresentar a obra "Terreno Ocupado" e Eurídice Kala leva uma instalação intitulada "Imagina Se A Verdade Fosse Uma Mulher…e Porque Não?".
O trabalho responde ao conceito da curadoria que convida aos expositores e ao público a reescrever a trajectória de África, focados para a história de luta pelas independências do continente e expansão dos acervos, incluindo nomes e individualidades femininas que de certa forma se encontram na periferia; nomeadamente: Josina Machel, Pauline Lumumba, Janet Mondlane, Ginette Eboue, Ntisiki Mashalaba, entre outras.
A pesquisa é uma continuação de um estudo fotográfico que a artista Eurídice Kala começou em 2012 intitulado "Entre-de-Lado", um conceito que questiona o vestido de noiva com a cor branca, presente nas celebrações matrimoniais na cultura Africana em geral e moçambicana, de modo particular. Esta realidade, de acordo com a investigação da Eurídice Kala, causa tensões tendo em conta os hábitos culturais africanos e a desconstrução do discurso colonial.
Refira-se que a artista também está a procura de fundos para a produção final deste trabalho.
A Bienal de Dakar foi criada em 1989 como uma grande feira para expor obras de arte contemporânea. Ao longo dos últimos anos, o Dak’Art conquistou respeito não só em África assim como por todos os continentes. O evento estabelece uma rica ligação entre os mais novos artistas que surgem no continente, tendo em conta a necessidade de sustentar o futuro do universo das artes e letras em África.
A Dak'Art começou na semana passada e na cerimónia de abertura o Presidente do Senegal, Macky Sall, anunciou que o subsídio anual para a bienal, actualmente de 300 milhões de francos centro-africanos (457 mil euros), passará para os 500 milhões (762 mil euros).

Sessenta e seis artistas de 24 países foram selecionados para participarem na exposição internacional da Dak'Art, denominada "Reencantamento", uma designação "estreitamente ligada ao tema geral da bienal, que convida os artistas e além deles todos os africanos a inventarem novas formas de reencantar o mundo e o continente"'.

domingo, lusa


Culturas africanas em foco na China


Uma exposição de quadros de artistas plásticos africanos está patente esta semana no Museu da Mulher e da Criança de Beijing, capital da China, no âmbito do Programa Africa em Foco 2016

Denominada “Exhibition of African Impression”, a mostra narra o quotidiano dos povos africanos, seus hábitos e costumes, bem como as diversas manifestações culturais. Desde o grupo étnico Masai do Quénia os Big Five dos parques nacionais (elefantes, leões, leopardos, búfalos e rinocerontes), locais de interesse económico e histórico ao dia-a-dia das populações encontram-se retratados.

A exibição representa o diálogo intercultural, apoio mútuo e reveste-se de grande importância na apresentação das artes africanas tradicionais e contemporâneas. Para os visitantes chineses a mostra representa uma janela para a África e uma aproximação entre os povos africanos e chineses.

Na cerimónia de lançamento do evento que contou com a actuação do grupo sul-africano de dança Simunye Theatrical Faces, que apresentou diversos números das danças Zulu, Xhosa, Sotho e Tsonga estiveram presentes o vice-ministro chinês da Cultura, Ding Wei e embaixadores africanos, nomeadamente de Moçambique e Tanzânia

O diplomata tanzaniano, Abdulahaman Shimbo recordou que durante décadas, as relações entre as duas partes se basearam em intercâmbios pessoais e culturais.
“É através deste engajamento que os chineses são conhecidos em África pelas famosas porcelanas, pinturas e artes acrobáticas. Por outro lado, os africanos são bem conhecidos dos chineses pelas suas danças, esculturas de ébano e pinturas como tingatinga”, disse o embaixador.

De acordo com o prefácio do catálogo da exposição, “África é um polo importante no mundo politico, económico e cultural e um continente cheio de vigor e criatividade, onde países, nações e comunidades com diversas tradições criaram uma civilização profunda cuja presença pode ser encontrada no passado, presente e futuro da Humanidade.”

jornal notícias de maputo



quarta-feira, 27 de abril de 2016

Angola cria academia de letras

A Academia Angolana de Letras (AAL) é a mais recente associação científico-cultural formalmente constituída, que tem por finalidade o estudo e a investigação da literatura angolana, das línguas nacionais, da língua portuguesa e das disciplinas correlatadas.
Com o seu estatuto editado em Diário da República de 28 de Março último, a associação privada sem fins lucrativos, de carácter cultural e científico, teve como outorgantes constituintes os escritores angolanos Henrique Lopes Guerra, António Botelho de Vasconcelos e Boaventura da Silva Cardoso.
A academia tem como patrono o primeiro Presidente da República de Angola, Agostinho Neto, e admite como membros os fundadores, efectivos e beneméritos, para além de colaboradores com a categoria de correspondentes, estes últimos podendo ter nacionalidade diferente que as dos restantes membros.
De acordo com o estatuto, os membros efectivos da Academia Angolana de Letras devem cumprir dois de três requisitos: Ter obra como objecto de estudo em universidades angolanas e estrangeiras; ter ganho prémios literários ou de investigação em Angola ou no estrangeiros e ter obras que tenham sido objecto de ensaios por especialistas em literaturas africanas de língua portuguesa.

A constituição da Academia Angolana de Letras vem corresponder aos ímpetos de uma sociedade angolana cada vez mais engajada com a sua identidade, história, cultura e pensamento, bem como reforçar o pensamento angolano no espaço nacional – quer pelo ensino, quer pela investigação – e espaço internacional – quer pela promoção, quer pela divulgação, defendendo uma política de investigação científica em torno das artes, das letras e demais domínios das ciências sociais e humanas.

angop

domingo, 24 de abril de 2016

História do cinema angolano em livro


O terceiro volume da colecção “O nascimento de uma Nação - O Cinema da Independência”, que faz uma panorâmica da história do Cinema da Independência, desde 1975 aos  dias de hoje, é lançado na terça-feira, 26 de Abril, às 18h30, no Centro Cultural Português, em Luanda.

O livro tem contributos de José Mena Abrantes, Rós Gray, Tatiana Levin e Maria do Carmo Piçarra, assim como entrevistas a Sarah Maldoror e Jorge António.
José Mena Abrantes faz uma análise sob o tema “Cinema angolano: um passado com o futuro sempre adiado”, dividindo a história do cinema em três períodos distintos.
O primeiro período Mena Abrantes refere-se, ao pós-independência até 1985, marcado por um forte dinamismo, quer na produção, quer na formação de quadros da Televisão Popular de Angola (TPA), da Promocine e da equipa Ano Zero, distinguindo-se, na altura, entre os pioneiros do cinema, Ruy Duarte, António Ole e Asdrúbal Rebelo.

O segundo, que considera de “impasse”, entre 1985-2000, em que o cinema mergulha numa “cinzenta e desfocada apatia, sem que se vislumbrasse nenhuma solução para a quase paralisação da actividade produtiva, para a ausência de promoção e distribuição de filmes antes realizados, para a deserção dos melhores quadros do sector e para a degradação e posterior encerramento de estruturas como o IAC e o LNC.”

No terceiro período, que vai de 2001 a 2005, Mena Abrantes explica que começaram a surgir “sinais de revitalização”, pelas expectativas criadas com o fim da guerra em Abril de 2002. Destaca neste período a realização de três filmes: “O Comboio de Canhoca” de Orlando Fortunato, “A Cidade Vazia”, de Maria João Ganga, e “O Herói” de Zezé Gamboa, que conquistaram prémios internacionais.

Construtores da História


Rós Gray esboça um quadro genérico da colaboração recebida no âmbito da solidariedade internacional, particularmente de Cuba e França. A investigadora Tatiana Levin concentra-se no cinema actual produzido em Angola, quer pelo movimento da periferia, designado “cinema da poeira”, quer por alguns realizadores consagrados.

Enquanto que a investigadora Maria do Carmo Piçarra foca-se na obra de Ruy Duarte, destacando o “cinema de urgência” do cineasta - poeta, que procurava no seu trabalho uma linha de equilíbrio  entre dois dinamismos, o do tempo mumuíla e o do um presente angolano.

O livro termina com entrevistas à investigadora Sarah Maldoror, que é considerada a matriarca do cinema africano e a primeira realizadora negra e a Jorge António, realizador estrangeiro que nos últimos vinte anos mais se tem dedicado ao cinema angolano e que, citando Maria do Carmo Piçarra, filmar Angola, muito para além de filmar em Angola, define o seu modo de  fazer cinema.

A equipa de trabalho


O livro “O Nascimento de uma Nação - O Cinema da Independência” tem a coordenação de Maria do Carmo Piçarra e Jorge António.
Doutorada em Ciências da Comunicação, Maria do Carmo Piçarra é pós-doutoranda no Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS), na Universidade do Minho, e no Centre for Film Aesthetics and Cultures (CFAC), da Universidade de Reading.
Para a sua investigação pós-doutoramento, sobre as representações coloniais no cinema, é bolseira da fundação para a Ciência e Tecnologia desde 2013, condição de que beneficiou para a investigação e publicação do ensaio agora publicado. Actualmente é jornalista, crítica e programadora de cinema.
Jorge António nasceu em Lisboa, a 8 de Junho de 1966. Formado pela Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa, especializou-se na área de produção (1988).
Durante anos tem sido convidado a participar, em Portugal e noutros países, em encontros, conferências, festivais, seminários e colabora na edição de livros e revistas sobre o cinema.
Em Angola é, desde 1995, produtor da Companhia de Dança Contemporânea, com espectáculos em inúmeras cidades em países de África, Ásia, América, Europa.
Além disso foi o consultor do Instituto Angola de Cinema e membro fundador do FIC - Festival de Cinema de Luanda (2008).


Em 1991 estreou-se como realizador com a curta “O Funeral”, que conquistou o prémio para Melhor 1ª Obra no Festival do Algarve, e em 1992 filma “O Miradouro da Lua”, a sua primeira longa metragem e primeira co-produção oficial entre Portugal e Angola.

jornal de angola

UNESCO aprova novos locais caboverdianos com potencial para futura classificação

 UNESCO aprova novos locais com potencial para futura classificação
A UNESCO aprovou a proposta de Cabo Verde de actualização da lista indicativa dos locais com potencialidade para serem classificados património mundial, apresentada em Outubro do ano passado, com quatro novos sítios.

A informação é de José Landin, director de Monumentos e Sítios do Instituto de Património Cultural de Cabo Verde, avançada por ocasião do Dia Mundial dos Monumentos e Sítios (18 de Abril), momento que é aproveitado para a chamada de atenção sobre a preservação e salvaguarda dos sítios históricos.

“Pese embora não se tenha feito ainda a publicação oficial, temos informações de que a lista actualizada foi aprovada e agora Cabo Verde conta com oito sítios inscritos na lista indicativa de bens com potencialidades para serem património da humanidade”, disse.

Na lista de 2004 para além da Cidade Velha, classificada em 2009 como património da humanidade, constavam as Salinas de Pedra de Lume, na ilha do Sal, Centro Histórico da Praia, o Campo de Concentração do Tarrafal e o Centro Histórico de São Filipe.

Na lista actualizada foram integrados Nova Sintra, ilha da Brava, Chã das Caldeiras, na ilha do Fogo, a reserva natural de Santa Luzia, ilhéu Branco e Raso, Cova, Ribeira da Torre e Paúl.
"Significa que neste momento já temos muitos sítios que já estão na lista da UNESCO. A partir da inscrição dos sítios na lista indicativa da UNESCO estamos em condições de trabalhar o dossiê de candidatura, mas isso vai depender das prioridades e das políticas do Governo”, sustenta José Landin.


A Cidade Velha é o único sítio cabo-verdiano classificado como património da humanidade, título conseguido em 2009.

expresso das ilhas (cabo verde)

"O vagabundo da Pátria" - novo romance do moçambicano Panguana


“O vagabundo da Pátria” é o título do novo livro do escritor moçambicano Marcelo Panguana a ser lançado, quarta-feira próxima, na cidade de Maputo.

Produzido sob a chancela da “Alcance Editores”, o romance pretende espelhar certa visão da sociedade moçambicana nos últimos tempos, com as suas glórias, seus sonhos, seus dilemas e crises, tudo visto de um ponto de vista ficcional, embora inspirado na própria realidade.

Marcelo Panguana, citado pela Rádio Moçambique, considera que um dos mais poderosos inimigos do desenvolvimento da literatura do seu país pode ser o esquecimento, a não abordagem das questões essenciais nos livros que vão sendo escritos. Essa abordagem, segundo Panguana, não pode ser vista como forma de confrontação, mas como expressão maior do amor pela Pátria.

“O vagabundo da Pátria” é o quarto livro de Marcelo Panguana, depois dos romances “O Chão das Coisas” (2004), “Como um Louco ao fim da Tarde” (2010) e o livro de reflexões denominado “Conversas do fim do Mundo” (2012).

Panguana é actualmente Presidente de Mesa da Assembleia-Geral da Associação dos Escritores Moçambicanos, tendo antes dirigido o jornal cultural “Lua Nova”, da Associação dos Escritores Moçambicanos, o suplemento cultural Xipalapala, do jornal Notícias e recentemente a revista cultural Proler, do Fundo Bibliográfico da Língua Portuguesa. 

folha de maputo