sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Novo livro de Paulina Chiziane resulta de conversa com curandeira

 

“Ngoma Yethu”, é o titulo do livro romance da escritora moçambicana Paulina Chiziane, lançado quinta-feira, resultado de conversas entre a autora e uma curandeira (kimbanda).  

Foi aproximadamente há um ano que Paulina Chiziane namorou Mariana Martins – curandeira com 30 anos de estrada – com o objectivo de mostrar o poder da africanidade na religião. O foco do diálogo entre as duas mulheres foi a Bíblia, concretamente o Novo Testamento. E a questão de fundo é o espaço da africanidade na religião.
A aventura pelo mundo do curandeirismo foi agradável para Chiziane, por ser um universo que nunca quis conhecer. Foi um trabalho de muita conversa, não só perguntas e respostas, como também, juntas, pesquisavam e discutiam diversos aspectos.
Dessa pesquisa nasceu o “Ngoma Yethu” que tal como nos últimos dois livros – “Na mão de Deus” e “Por quem vibram os tambores do além” – Chiziane não está sozinha. Na primeira teve como co-autora Maria do Carmo da Silva e na segunda Rasta Pita. Nesta obra, ela junta-se a uma curandeira, Mariana Martins, e juntas aventuram-se , mais uma vez, pelo universo do submundo.
Nataniel Ngomane, apresentador da obra, diz que se trata de uma obra de cunho provocativo.
Para o académico, “Ngoma Yethu” é uma provocação para reflexão de questões profundas ao leitor, particularmente àquele enraizado no pensamento e visão sociocultural de base ocidental. Diz ainda, o académico, que esta obra retoma e aprofunda os caminhos estreados pela outra: “Por quem vibram os tambores”. Aliás, este paralelismo não se evidencia apenas no conteúdo, o título também é semelhante porque “ngoma”, significa tambor, o mesmo que vibra. A diferença é que não se trata de um romance, tal como aquele livro, mas, diz Ngomane, uma obra com a função de instigar o leitor acomodado neste sistema, a revisitar e questionar conceitos, crenças e amplificar caminhos julgados firmes, consolidados e acabados. Aliás, como diz Chiziane, este livro prova que nada está acabado, porque são notas que tem como propósito provocar reflexão.


O país

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