quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Muenda: artista desde os três anos

 
Começou a pintar ainda em tenra idade, com apenas três anos de vida. Aos 11 anos rabiscou os seus primeiros poemas e aos 18 lançou o seu livro de estreia, com o título “Maravilhas da Alma”, em 2013.
Recentemente, esta artista moçambicana multifacetada lançou mais uma obra de poesia denominada “Alma Inquieta”, ao mesmo tempo que realizou a sua primeira exposição individual de pintura intitulada “Além de Realidade”. São dois actos que comprovam a sua evolução como criadora.   
Referimo-nos à poetisa e pintora moçambicana Muenda, nome artístico de Tatiana Napido Gonçalves, que aproveitou o seu período de férias, na Birmingham City University, Inglaterra, para vir a Maputo e exibir o seu trabalho no espaço Joaquim Chissano, na Mediateca do BCI, em Maputo.
O “Notícias” teve a oportunidade de, mais uma vez, conversar com esta jovem escritora que nos faz repensar o nosso modo de viver com poemas de apelo à paz, tudo visando à construção de um mundo mais humanizado e harmónico. 
Aliás, vem daí a motivação para “Alma Inquieta”. “Rancor”, “A Melancolia”, “Moçambique das Minhas Lágrimas”, “Coração Quebrado” e “ Amor de Mãe” são alguns dos títulos dos 31 poemas de Muenda.  
“Nesta obra falo das nossas preocupações do dia-a-dia. Nela trago não só as inquietações mas também as possíveis soluções para que as coisas corram bem”, afirma a nossa interlocutora.   
Apresar de considerar que não é a pessoa mais certa para avaliar o seu trabalho, Muenda considera que da primeira obra (“Maravilhas da Alma”) para a segunda (“Alma Inquieta”) há uma certa evolução.  
“Recebi várias críticas positivas e outras negativas que contribuíram para que eu melhorasse o meu trabalho”, considera. 
Durante a sua estadia na cidade de Maputo, Muenda teve o privilégio de participar na Noite de Poesia realizada no mês passado, no Café Kultur, no Instituto Cultural Moçambique-Alemanha (ICMA). 
Naquele evento que acontece a cada terceira sexta-feira e que já dura há 11 anos, a jovem poetisa juntou-se a escritores como Dércio Pedro, Paulo Matos, Leonardo Nhavoto, Khataza, Idálvia Bahule, entre outros. 

Poesia reveladora da alma inquieta
À seme4lhança da primeira obra de Muenda, “Maravilhas da Alma”, a segunda, “Alma Inquieta”, tem o prefácio assinado pelo filósofo moçambicano José Castiano.
Segundo o autor do prefácio, “o poeta, contrariamente ao filósofo, reconhece que a sua alma é inquieta”, e acrescenta que talvez seja por isso que Muenda deu esse título ao livro.
Segundo o filósofo, “isso não se deve somente ao facto de ela estar no seu segundo livro de poesia e de se sentir ‘expulsa’ do seu país por muito tempo, mas porque a própria ‘alma’ deste Moçambique anda errante no poema ‘Moçambique das Minhas Lágrimas’”.
José Castiano adverte que ao lermos “Alma Inquieta” poderíamos chegar a uma falsa conclusão, que só expressa amarguras da vida, ressentimentos, definhamentos de uma alma perdida, no espaço e no tempo.
Entretanto, bem pelo contrário, segundo ele, se algum aspecto é visível na poesia de Muenda é o regresso à utopia, abandonado a negatividade com que a vida lhe parece apresentar-se.
“É que lá no finalzinho de cada poema, após ter desfilado as suas amarguras da vida, eis que faz espreitar a esperança de uma amanhã melhor”, escreve José Castiano. 

Primeira individual
A pintura foi desde cedo uma das maiores paixões de Muenda. Já com três anos de idade mostrava ter alguma inclinação para as artes plásticas. Eis que agora surgiu a oportunidade para realizar a sua primeira exposição individual.
Com recurso às técnicas de óleo sobre tela, aguarela, lápis e giz, a pintora produziu 26 quadros que fizeram parte da mostra “Além de Realidade”, que esteve patente no espaço Joaquim Chissano, na Mediateca do BCI.
“Quando as pessoas forem ver os meus quadros, não quero que vejam apenas aquilo que está patente logo à primeira vista. Quero que observem o que está para além daquilo que eu tento expressar nas imagens”, afirma a artista plástica, e acrescenta que nas suas criações dá primazia à mulher e aos seus feitos, no esforço para educar a sociedade.
“As minhas pinturas têm como foco a cultura africana representada pela mulher, isso porque quando falamos da figura feminina falamos da mãe, da educadora, falamos da face de África”.
Tatiana Napido Gonçalves nasceu a 4 de Maio de 1995, na cidade de Maputo. Fez os estudos primários e secundários em Maputo, antes de ingressar na St. Autin’s Academy de Nairobi, no Quénia, ambiente que explora integralmente para desenvolver os seus dotes de escritora. Também desenvolve a música, integrando a banda musical da academia.

Actualmente, Muenda é estudante do segundo ano de Arquitectura, na Birmingham City University. Para além de escrever e tocar guitarra, Tatiana Gonçalves pinta e pratica artes marciais.

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