quinta-feira, 23 de abril de 2015

Gramática de Kimbundu de 1888-89

"Vamos lá aprender o kimbundu, uma língua fácil de expressar" Luísa Fresta

3 – Ortografia e fonologia
O Kimbundu deve sempre grafar-se com escrita sónica. As cinco vogais, a, e, i, o, u, são todas abertas. Antes de outra vogal, ie u funcionam como semi-vogais.
mbcomo em mbambi, “gazela”, “frio”
nvcomo em nvula, “chuva”nd como em ndandu, “parente”
ngcomo em ngiji, “rio”
nj como em njila, “pássaro”, “caminho”
h como em hima, “macaco”, distinto de ima, “coisas”
O m e o n servem para nasalar, daí que tenham surgido, por exemplo, vocábulos como Angola derivado de ngola (rei) ou embondeiro derivado de mbondo (árvore).
O h é sempre aspirado, como em henda (graça, misericórdia).
O r é sempre brando e pode ser trocado por d ou, menos frequentemente, por l. Por exemplo, kitari ou kitadi (dinheiro), ditadi ou ritari (pedra); kudia ou kuria (comer); kolombolo ou koromboro (galo).
O k substitui sempre o q da língua portuguesa, bem como o c antes de a, o e u.
O g nunca tem o valor de j, mesmo antes de e ou i. Ndenge (mais novo) e ngindu (trança) lêm-se ndengue e nguindu.
O som nh deve, em nosso entender, escrever-se como em português, embora haja quem escreva ni ou ny. Por exemplo, dikanha, dikania ou dikanya (tabaco).
Não vemos, de resto, necessidade do emprego do y em Kimbundu, embora certos autores o usem enquanto prefixo para fazer o plural de ki. Em tal caso sugerimos a grafia i (V. Infra).

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