“Ngoma Yethu”, é o titulo do livro romance da escritora moçambicana Paulina
Chiziane, lançado quinta-feira, resultado de conversas entre a autora e uma
curandeira (kimbanda).
Foi aproximadamente há um ano que
Paulina Chiziane namorou Mariana Martins – curandeira com 30 anos de estrada –
com o objectivo de mostrar o poder da africanidade na religião. O foco do
diálogo entre as duas mulheres foi a Bíblia, concretamente o Novo Testamento. E
a questão de fundo é o espaço da africanidade na religião.
A aventura pelo mundo do
curandeirismo foi agradável para Chiziane, por ser um universo que nunca quis
conhecer. Foi um trabalho de muita conversa, não só perguntas e respostas, como
também, juntas, pesquisavam e discutiam diversos aspectos.
Dessa pesquisa nasceu o “Ngoma
Yethu” que tal como nos últimos dois livros – “Na mão de Deus” e “Por quem
vibram os tambores do além” – Chiziane não está sozinha. Na primeira teve como
co-autora Maria do Carmo da Silva e na segunda Rasta Pita. Nesta obra, ela
junta-se a uma curandeira, Mariana Martins, e juntas aventuram-se , mais uma
vez, pelo universo do submundo.
Nataniel Ngomane, apresentador da
obra, diz que se trata de uma obra de cunho provocativo.
Para o académico, “Ngoma Yethu” é
uma provocação para reflexão de questões profundas ao leitor, particularmente
àquele enraizado no pensamento e visão sociocultural de base ocidental. Diz
ainda, o académico, que esta obra retoma e aprofunda os caminhos estreados pela
outra: “Por quem vibram os tambores”. Aliás, este paralelismo não se evidencia
apenas no conteúdo, o título também é semelhante porque “ngoma”, significa
tambor, o mesmo que vibra. A diferença é que não se trata de um romance, tal
como aquele livro, mas, diz Ngomane, uma obra com a função de instigar o leitor
acomodado neste sistema, a revisitar e questionar conceitos, crenças e
amplificar caminhos julgados firmes, consolidados e acabados. Aliás, como diz
Chiziane, este livro prova que nada está acabado, porque são notas que tem como
propósito provocar reflexão.
O país
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