Começou a pintar ainda em
tenra idade, com apenas três anos de vida. Aos 11 anos rabiscou os seus
primeiros poemas e aos 18 lançou o seu livro de estreia, com o título
“Maravilhas da Alma”, em 2013.
Recentemente, esta
artista moçambicana multifacetada lançou mais uma obra de poesia denominada
“Alma Inquieta”, ao mesmo tempo que realizou a sua primeira exposição
individual de pintura intitulada “Além de Realidade”. São dois actos que
comprovam a sua evolução como criadora.
Referimo-nos à poetisa e
pintora moçambicana Muenda, nome artístico de Tatiana Napido Gonçalves, que
aproveitou o seu período de férias, na Birmingham City University, Inglaterra,
para vir a Maputo e exibir o seu trabalho no espaço Joaquim Chissano, na
Mediateca do BCI, em Maputo.
O “Notícias” teve a
oportunidade de, mais uma vez, conversar com esta jovem escritora que nos faz
repensar o nosso modo de viver com poemas de apelo à paz, tudo visando à
construção de um mundo mais humanizado e harmónico.
Aliás, vem daí a
motivação para “Alma Inquieta”. “Rancor”, “A Melancolia”, “Moçambique das Minhas
Lágrimas”, “Coração Quebrado” e “ Amor de Mãe” são alguns dos títulos dos 31
poemas de Muenda.
“Nesta obra falo das
nossas preocupações do dia-a-dia. Nela trago não só as inquietações mas também
as possíveis soluções para que as coisas corram bem”, afirma a nossa
interlocutora.
Apresar de considerar
que não é a pessoa mais certa para avaliar o seu trabalho, Muenda considera que
da primeira obra (“Maravilhas da Alma”) para a segunda (“Alma Inquieta”) há uma
certa evolução.
“Recebi várias críticas
positivas e outras negativas que contribuíram para que eu melhorasse o meu
trabalho”, considera.
Durante a sua estadia na
cidade de Maputo, Muenda teve o privilégio de participar na Noite de Poesia
realizada no mês passado, no Café Kultur, no Instituto Cultural
Moçambique-Alemanha (ICMA).
Naquele evento que
acontece a cada terceira sexta-feira e que já dura há 11 anos, a jovem poetisa
juntou-se a escritores como Dércio Pedro, Paulo Matos, Leonardo Nhavoto,
Khataza, Idálvia Bahule, entre outros.
Poesia reveladora da
alma inquieta
À seme4lhança da
primeira obra de Muenda, “Maravilhas da Alma”, a segunda, “Alma Inquieta”, tem
o prefácio assinado pelo filósofo moçambicano José Castiano.
Segundo o autor do
prefácio, “o poeta, contrariamente ao filósofo, reconhece que a sua alma é
inquieta”, e acrescenta que talvez seja por isso que Muenda deu esse título ao
livro.
Segundo o filósofo,
“isso não se deve somente ao facto de ela estar no seu segundo livro de poesia
e de se sentir ‘expulsa’ do seu país por muito tempo, mas porque a própria
‘alma’ deste Moçambique anda errante no poema ‘Moçambique das Minhas
Lágrimas’”.
José Castiano adverte
que ao lermos “Alma Inquieta” poderíamos chegar a uma falsa conclusão, que só
expressa amarguras da vida, ressentimentos, definhamentos de uma alma perdida,
no espaço e no tempo.
Entretanto, bem pelo
contrário, segundo ele, se algum aspecto é visível na poesia de Muenda é o
regresso à utopia, abandonado a negatividade com que a vida lhe parece
apresentar-se.
“É que lá no finalzinho
de cada poema, após ter desfilado as suas amarguras da vida, eis que faz
espreitar a esperança de uma amanhã melhor”, escreve José Castiano.
Primeira individual
A pintura foi desde cedo
uma das maiores paixões de Muenda. Já com três anos de idade mostrava ter
alguma inclinação para as artes plásticas. Eis que agora surgiu a oportunidade
para realizar a sua primeira exposição individual.
Com recurso às técnicas
de óleo sobre tela, aguarela, lápis e giz, a pintora produziu 26 quadros que
fizeram parte da mostra “Além de Realidade”, que esteve patente no espaço
Joaquim Chissano, na Mediateca do BCI.
“Quando as pessoas forem
ver os meus quadros, não quero que vejam apenas aquilo que está patente logo à
primeira vista. Quero que observem o que está para além daquilo que eu tento
expressar nas imagens”, afirma a artista plástica, e acrescenta que nas suas
criações dá primazia à mulher e aos seus feitos, no esforço para educar a
sociedade.
“As minhas pinturas têm
como foco a cultura africana representada pela mulher, isso porque quando
falamos da figura feminina falamos da mãe, da educadora, falamos da face de
África”.
Tatiana Napido Gonçalves
nasceu a 4 de Maio de 1995, na cidade de Maputo. Fez os estudos primários e
secundários em Maputo, antes de ingressar na St. Autin’s Academy de Nairobi, no
Quénia, ambiente que explora integralmente para desenvolver os seus dotes de
escritora. Também desenvolve a música, integrando a banda musical da academia.
Actualmente, Muenda é
estudante do segundo ano de Arquitectura, na Birmingham City University. Para
além de escrever e tocar guitarra, Tatiana Gonçalves pinta e pratica artes
marciais.
jornal notícias
Sem comentários:
Enviar um comentário