Ritmos
de jazz e traços típicos da terra mãe, assentes na memória e na identidade
nacional é a proposta, em acrílico sobre tela, que o artista Zan expõe, a
partir de hoje, no Instituto Camões, naquele que é o seu regresso às origens,
com “Absolut Zan”.
Num
olhar crítico, o artista juntou uma pitada de sentido de humor a cada um dos
quadros, resultantes de uma ausência de 17 anos e agora, como conta, ajudam a
“colorir e dar mais fôlego ao ambiente artístico”.
O
artista, considerado como um dos pintores angolanos mais representativos da sua
geração, hoje com 69 anos (faz em Maio 70), pretende mostrar a experiência de
um trabalho de décadas, onde o tradicional casa com o modernismo.
A
exposição, confessa o autor que aproveitou para matar a saudade com amigos, é
também a oportunidade do público apreciar a produção do pintor nos últimos
anos, num reencontro com a terra e as paisagens.
Entre
quadros mais antigos e outros mais recentes, a mostra, que tem o pendor de uma
retrospectiva, coloca em evidência a preocupação do artista em apresentar
apenas o que é novo, dando vitalidade, através da selecção de telas, à sua
identificação.
O
O
interesse pela pintura, confessa, nasceu à
custa de descobertas pessoais. “Claro que a escola teria obviado a
aprendizagem, porque se perde menos tempo a descobrir os caminhos das técnicas
da pintura sob orientação académica”, conta, mas acrescenta que no seu caso foi
arrebatado por outras seduções, como a música.
“Enquanto Portugal entristece, em Angola a vida está a acontecer. O estado das artes está a animar. Infelizmente, há uns putos que ainda não se libertaram da comodidade de pintar sob influência de Basquiat, uma pintura quase automática que apesar de exigir conhecimento técnico, dispensa imaginação”, disse.
O
regresso do pintor, que agora não volta com acordes de groove, mas com
pinceladas em acrílico, apesar de ainda manter os ritmos e as cores do jazz na
maioria das telas, é acompanhada também por um olhar as raízes africanas e
angolanas.
O
artista acrescenta ainda que as raízes expostas não estão assentes em imagens
de palmeiras ondulantes ao vento, ou mulheres com cargas à cabeça, para
distinguir o comum da identidade africana. Hoje, conta, prefere “entregar” as
suas telas à liberdade de apreciação de terceiros. “Quanto mais leituras os
quadros tiverem, mais enriquecida se torna a pintura”, explicou.
Porém,
apesar das inovações, do seu estilo único, Zan continua a mostrar nas telas a
certeza de que para pintar “é preciso primeiro reflectir sobre a vida e os
homens, ou a cultura geral para se ter um Norte”. O artista falou também do
desejo de realizar uma exposição de quadros “sensuais”, que já tem um bom
número de telas em carteira, mas no momento fica adiada.
jornal de angola
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