A primeira Comissão Nacional da Verdade da Escravatura Negra no Brasil, empossada na última sexta-feira, dia 6, visa resgatar a história da população negra no Brasil, incluindo as atrocidades cometidas durante o período da escravatura, para fazer sugestões de políticas públicas e acções afirmativas para construir uma igualdade plena no pais.
Cerimónia de posse
Inspirada na Comissão Nacional da Verdade que investigou o período da ditadura no Brasil, o grupo criado pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados Brasil (OAB) e composto por 57 membros – 10 advogados, 35 consultores e 15 convidados do judiciário e Ministério Público – deverá no prazo de dois anos para concluir o trabalho.
Espera-se que no final do corrente ano divulgue um relatório parcial das actividades, já o documento final está previsto para Dezembro de 2016.
Na cerimónia de posse "histórica", o presidente nacional da OAB, Marcus Vinicius Furtado Coêlho, defendeu as cotas raciais nas universidades.. “Essa comissão que hoje é empossada tem a nobre função de promover o resgate histórico desse período, buscando a aferição de responsabilidades e a demonstração da importância das acções de afirmação como meio de reparação à população negra”, declarou. “Reafirmamos, assim, nosso compromisso com a promoção da igualdade, da justiça e da inclusão social de todos os cidadãos brasileiros, independentemente da cor de sua pele.”
O presidente da Comissão empossada, Humberto Adami, afirmou que a data é de comemoração, “pois é o evento mais importante para o assunto desde a abolição da escravatura”. “As cotas são um instrumento importantíssimo, mas são pequenas na reparação da dívida histórica em relação à escravatura. O número de mortes da juventude negra está descontrolado, um genocídio. Tudo isso tem origem na escravatura, são posturas que não foram corrigidas. Temos que expor as entranhas da sociedade para mostrar que o racismo existe. Essa iniciativa da OAB é digna de todos os aplausos. Esperamos que o governo federal faça uma Comissão também, na esteira da Comissão da Verdade que apurou as atrocidades da ditadura”, afirmou.
Ideli Salvatti, ministra brasileira da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, sublinhou que "nem o holocausto se compara aos três séculos de escravatura negra no Brasil, pois as senzalas se igualam às trincheiras do nazismo"
Fontes:
http://www.oab.org.br/noticia/28065/comissao-da-verdade-da-escravidao-negra-toma-posse-na-oab-nacional
http://www.ebc.com.br/cidadania/2015/02/oab-cria-comissao-nacional-da-verdade-sobre-escravidao
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