O renomado escritor moçambicano
Luís Bernardo Honwana defendeu que a obrigação do uso da Língua Portuguesa
exclui algumas vozes do exercício da cidadania em algumas regiões de
Moçambique.
E justificou: “nem todos as
pessoas deste país são suficientemente dominantes da língua portuguesa para se
exercerem como cidadãos, titulares de direito e capazes, eventualmente, de
contribuir com soluções para os problemas que são comuns de todos nós”.
O autor de “Nós
Matamos o Cão-Tinhoso” vai mais longe. Diz que as políticas culturais e
linguísticas devem abrir espaço para que hajam acções para se discutir de forma
ampla esses assuntos.
Honwana falava
na cerimónia de lançamento da colectânea de artigos de cunho
científico, intitulada “Multilinguismo e Multiculturalismo em Moçambique” que
qualificou como “uma porta para se alcançar esse objectivo, pois só a investigação é que
permite esse feito”.
Honwana é quem
inaugura a obra com o texto “A Rica Nossa Cultura”. É por sinal este artigo,
outrora publicado num dos jornais semanários de Maputo, que inspirou a
realização desta obra.
A colectânea de artigos tem organização de Perpétua Gonçalves e
Feliciano Chimbutane, que também são autores de alguns textos. A eles juntam-se
para além de Honwana, Lourenço do Rosário e Bento Sitoe.
Depois que
Perpétua Gonçalves leu o texto, de seguida procurou o colega Feliciano
Chimbutane para materializar o projecto. A ideia que parte de 2010, o mesmo ano
que o texto de Honwana foi publicado, percorreu por vários caminhos até que,
finalmente, ontem, num dos anfiteatros do Complexo Pedagógico da Universidade
Eduardo Mondlane, perante professores, investigadores, estudantes e amigos dos
autores viram o nascimento de mais uma ferramenta para a discussão do espaço
que as línguas bantu merecem na sociedade.
A preocupação dos linguistas é
anular quaisquer problemas que põem em causa a boa convivência linguística e
cultural no país. Do ponto de vista linguístico, “esta obra pretende explorar
uma relação harmoniosa entre o português e as línguas bantu e do ponto de vista
cultural também pretende alcançar a relação harmoniosa com as várias culturas e
que nenhuma seja vista como superior com as outras”, esclareceu Gonçalves.
Chimbutane
acrescentou que a obra faz um apelo à promoção das línguas locais para que
tenham o mesmo espaço, de forma oficial, que a língua portuguesa. “Era
desejável que aqueles que não falassem a língua portuguesa conseguissem tratar
documentos com a mesma facilidade que aqueles que falam a língua portuguesa”,
entretanto, diz, que “há
passos a serem dados”. Por exemplo, há alguns municípios que declaram algumas
línguas como de trabalho.
Uma das soluções que o académico
sugere é a eleição de algumas línguas locais para que sejam oficiais em algumas
regiões do país.
o país (Moçambique)
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