segunda-feira, 11 de abril de 2016

"Língua portuguesa limita exercício de cidadania" - Luís Bernardo Honwana

O renomado escritor moçambicano Luís Bernardo Honwana defendeu que a obrigação do uso da Língua Portuguesa exclui algumas vozes do exercício da cidadania em algumas regiões de Moçambique.
E justificou: “nem todos as pessoas deste país são suficientemente dominantes da língua portuguesa para se exercerem como cidadãos, titulares de direito e capazes, eventualmente, de contribuir com soluções para os problemas que são comuns de todos nós”.
O autor de “Nós Matamos o Cão-Tinhoso” vai mais longe. Diz que as políticas culturais e linguísticas devem abrir espaço para que hajam acções para se discutir de forma ampla esses assuntos.
Honwana falava na cerimónia de lançamento da colectânea de artigos de cunho científico, intitulada “Multilinguismo e Multiculturalismo em Moçambique” que qualificou como “uma porta para se alcançar esse objectivo, pois só a investigação é que permite esse feito”. 
Honwana é quem inaugura a obra com o texto “A Rica Nossa Cultura”. É por sinal este artigo, outrora publicado num dos jornais semanários de Maputo, que inspirou a realização desta obra.
A colectânea de artigos tem organização de Perpétua Gonçalves e Feliciano Chimbutane, que também são autores de alguns textos. A eles juntam-se para além de Honwana, Lourenço do Rosário e  Bento Sitoe.
 
Depois que Perpétua Gonçalves leu o texto, de seguida procurou o colega Feliciano Chimbutane para materializar o projecto. A ideia que parte de 2010, o mesmo ano que o texto de Honwana foi publicado, percorreu por vários caminhos até que, finalmente, ontem, num dos anfiteatros do Complexo Pedagógico da Universidade Eduardo Mondlane, perante professores, investigadores, estudantes e amigos dos autores viram o nascimento de mais uma ferramenta para a discussão do espaço que as línguas bantu merecem na sociedade.
A preocupação dos linguistas é anular quaisquer problemas que põem em causa a boa convivência linguística e cultural no país. Do ponto de vista linguístico, “esta obra pretende explorar uma relação harmoniosa entre o português e as línguas bantu e do ponto de vista cultural também pretende alcançar a relação harmoniosa com as várias culturas e que nenhuma seja vista como superior com as outras”, esclareceu Gonçalves.
Chimbutane acrescentou que a obra faz um apelo à promoção das línguas locais para que tenham o mesmo espaço, de forma oficial, que a língua portuguesa. “Era desejável que aqueles que não falassem a língua portuguesa conseguissem tratar documentos com a mesma facilidade que aqueles que falam a língua portuguesa”, entretanto, diz, que “há passos a serem dados”. Por exemplo, há alguns municípios que declaram algumas línguas como de trabalho. 

Uma das soluções que o académico sugere é a eleição de algumas línguas locais para que sejam oficiais em algumas regiões do país.

o país (Moçambique)

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