O terceiro volume da colecção “O nascimento de uma Nação - O Cinema da
Independência”, que faz uma panorâmica da história do Cinema da Independência,
desde 1975 aos dias de hoje, é lançado na terça-feira, 26 de Abril, às 18h30, no
Centro Cultural Português, em Luanda.
O livro tem contributos de José Mena Abrantes, Rós
Gray, Tatiana Levin e Maria do Carmo Piçarra, assim como entrevistas a Sarah
Maldoror e Jorge António.
José Mena Abrantes faz uma análise sob o tema “Cinema angolano: um passado com
o futuro sempre adiado”, dividindo a história do cinema em três períodos
distintos.
O primeiro período Mena Abrantes refere-se, ao pós-independência até 1985,
marcado por um forte dinamismo, quer na produção, quer na formação de quadros
da Televisão Popular de Angola (TPA), da Promocine e da equipa Ano Zero,
distinguindo-se, na altura, entre os pioneiros do cinema, Ruy Duarte, António
Ole e Asdrúbal Rebelo.
O segundo, que considera de “impasse”, entre
1985-2000, em que o cinema mergulha numa “cinzenta e desfocada apatia, sem que
se vislumbrasse nenhuma solução para a quase paralisação da actividade
produtiva, para a ausência de promoção e distribuição de filmes antes
realizados, para a deserção dos melhores quadros do sector e para a degradação
e posterior encerramento de estruturas como o IAC e o LNC.”
No terceiro período, que vai de 2001 a 2005, Mena
Abrantes explica que começaram a surgir “sinais de revitalização”, pelas
expectativas criadas com o fim da guerra em Abril de 2002. Destaca neste
período a realização de três filmes: “O Comboio de Canhoca” de Orlando
Fortunato, “A Cidade Vazia”, de Maria João Ganga, e “O Herói” de Zezé Gamboa,
que conquistaram prémios internacionais.
Construtores da História
Rós Gray esboça um quadro genérico da colaboração recebida no âmbito da
solidariedade internacional, particularmente de Cuba e França. A investigadora
Tatiana Levin concentra-se no cinema actual produzido em Angola, quer pelo
movimento da periferia, designado “cinema da poeira”, quer por alguns
realizadores consagrados.
Enquanto que a investigadora Maria do Carmo Piçarra
foca-se na obra de Ruy Duarte, destacando o “cinema de urgência” do cineasta -
poeta, que procurava no seu trabalho uma linha de equilíbrio entre dois
dinamismos, o do tempo mumuíla e o do um presente angolano.
O livro termina com entrevistas à investigadora Sarah
Maldoror, que é considerada a matriarca do cinema africano e a primeira
realizadora negra e a Jorge António, realizador estrangeiro que nos últimos
vinte anos mais se tem dedicado ao cinema angolano e que, citando Maria do
Carmo Piçarra, filmar Angola, muito para além de filmar em Angola, define o seu
modo de fazer cinema.
A equipa de trabalho
O livro “O Nascimento de uma Nação - O Cinema da Independência” tem a
coordenação de Maria do Carmo Piçarra e Jorge António.
Doutorada em Ciências da Comunicação, Maria do Carmo Piçarra é pós-doutoranda
no Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS), na Universidade do
Minho, e no Centre for Film Aesthetics and Cultures (CFAC), da Universidade de
Reading.
Para a sua investigação pós-doutoramento, sobre as representações coloniais no
cinema, é bolseira da fundação para a Ciência e Tecnologia desde 2013, condição
de que beneficiou para a investigação e publicação do ensaio agora publicado.
Actualmente é jornalista, crítica e programadora de cinema.
Jorge António nasceu em Lisboa, a 8 de Junho de 1966. Formado pela Escola
Superior de Teatro e Cinema de Lisboa, especializou-se na área de produção
(1988).
Durante anos tem sido convidado a participar, em Portugal e noutros países, em
encontros, conferências, festivais, seminários e colabora na edição de livros e
revistas sobre o cinema.
Em Angola é, desde 1995, produtor da Companhia de Dança Contemporânea, com
espectáculos em inúmeras cidades em países de África, Ásia, América, Europa.
Além disso foi o consultor do Instituto Angola de Cinema e membro fundador do
FIC - Festival de Cinema de Luanda (2008).
Em 1991 estreou-se como realizador com a curta “O
Funeral”, que conquistou o prémio para Melhor 1ª Obra no Festival do Algarve, e
em 1992 filma “O Miradouro da Lua”, a sua primeira longa metragem e primeira
co-produção oficial entre Portugal e Angola.
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