Os amantes da história política e sócio-cultural
de Angola têm desde o final do ano passado a sua disposição uma nova obra de
carácter científico-literária que aborda a figura histórica do Monagamba.
O termo que tem origem na língua Kimbundu, cujos falantes são do grupo
etnolinguístico Ambundu, significa servente ou filho do escravo.
O livro, “Abordagens da figura do Monangamba por três poetas da geração da
Mensagem”, é da autoria de Hermegildo Seca, Licenciado em Língua
Portuguesa, pelo Instituto Superior de Ciências da Educação, da Universidade
Agostinho Neto.
O autor que teve como ponto de partida a análise de alguns textos
literários de António Agostinho Neto, poeta e nacionalista (Primeiro Presidente
de Angola), António Jacinto, escritor e nacionalista e Mário Pinto de Andrade
fundador do Movimento Popular de Libertação de Angola, partido que proclamou a
independênia de Angola e que governa o país até a presente data.
Hermegildo Seca aborda a figura do Monangamba (filho do servente ou do
escravo) numa perspetiva económica, histórica, política e literária a julgar
pelas circunstâncias em que o termo foi usado, para denunciar a opressão
colonial e exigir a independência de território angolano.
Em “Abordagens da figura do Monangamba por três poetas da geração da
Mensagem” Hermenegildo Seca analisa de forma aturada os poemas escritos por
Agostinho Neto, António Jacinto e textos da autoria de Mário Pinto de Andrade
por serem os escritores que mais se destacaram na utilização do termo.
O objectivo, de acordo com Hermenegildo Seca, é inferir da escrita
criativa a dimensão histórica e política do uso do termo emprestado da língua
nacional Kimbundu.
Para o autor, o termo Monangamba nas obras literárias de Agostinho Neto,
António Jacinto e Mário de Andrade teve uma intenção mais do que política,
cultural, com o objectivo também de afirmar a identidade nacional e reivindicar
contra a situação por que passava o povo angolano, na altura sob o domínio
colonial, oprimido e sem
liberdade.
“É uma forma dos próprios escritores mostrarem a sua identidade como
angolanos. Usar palavras Bantu é uma forma de eles mostrarem que são de Angola
e que estão relacionados com a cultura Ambundu”, disse.
A obra “Abordagens da figura do Monangamba por três poetas da geração da
Mensagem” foi publicada em Dezembro do ano passado.
voa
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