Filmes angolanos,
guineenses e moçambicanos estão a ser exibidos no ciclo de cinema sobre o
colonialismo português em África e os anos após o fim da luta de libertação
nacional que se realiza na cidade alemã de Saarbruecken.
O filme “Tabu” de Miguel
Gomes abriu na quarta-feira a mostra que continua a 27 de Janeiro com a
exibição de “Na Cidade Vazia” de Maria João Ganga.
Em Fevereiro, o ciclo de
cinema exibe a primeira longa-metragem moçambicana “O Tempo dos Leopardos” no
dia 4, “Nha Fala” de Flora Gomes no dia 10 e “Juventude em Marcha” de Pedro
Costa a 17.
O ciclo a decorrer até
17 de Fevereiro e que inclui também produções cinematográficas de Portugal
pretende apresentar um olhar crítico relativamente à colonização portuguesa em África
e ilustrar a conquista da independência pelas antigas colónias.
“Portugal tem uma visão
demasiada egocêntrica relativamente ao colonialismo e ainda estamos bastante
longe de uma abordagem autocrítica daquilo que foi o colonialismo português.
Esta falta de abordagem autocrítica tem muito a ver com uma certa falta de
interesse por aquilo que aconteceu nos países africanos”, explicou Teresa
Pinheiro, responsável pela organização da mostra e professora convidada da
Universidade de Saarlandes, citada pela LUSA.
Além da conquista da
independência pelos países africanos, a docente focou-se em temas como o
racismo, a guerra civil, os retornados e os imigrantes africanos em Portugal na
escolha das películas.
Teresa Pinheiro fez
questão de incluir filmes de realizadores portugueses que tenham vivido numa
era pós-regime, possibilitando uma “abordagem ao colonialismo e a ditadura em
Portugal um pouco mais livre, diferente das gerações que o viveram na época”.
A docente deu o exemplo
dos retornados que têm muito mais tendência em vitimizar o seu papel na História
do que uma pessoa que já viveu na época pós-colonialismo.
Teresa Pinheiro referiu
ainda que a imigração africana em Portugal é um tema “pouco abordado pelo
cinema português”, considerando importante falar de “uma situação social com a
qual fomos confrontados na época da descolonização porque são pessoas que foram
esquecidas pela História e que tiveram de conquistar os seus direitos
fundamentais”.
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