domingo, 17 de janeiro de 2016

Filmes angolanos, guineenses e moçambicanos exibidos na Alemanha


Filmes angolanos, guineenses e moçambicanos estão a ser exibidos no ciclo de cinema sobre o colonialismo português em África e os anos após o fim da luta de libertação nacional que se realiza na cidade alemã de Saarbruecken.  
O filme “Tabu” de Miguel Gomes abriu na quarta-feira a mostra que continua a 27 de Janeiro com a exibição de “Na Cidade Vazia” de Maria João Ganga.
Em Fevereiro, o ciclo de cinema exibe a primeira longa-metragem moçambicana “O Tempo dos Leopardos” no dia 4, “Nha Fala” de Flora Gomes no dia 10 e “Juventude em Marcha” de Pedro Costa a 17.
O ciclo a decorrer até 17 de Fevereiro e que inclui também produções cinematográficas de Portugal pretende apresentar um olhar crítico relativamente à colonização portuguesa em África e ilustrar a conquista da independência pelas antigas colónias.  
“Portugal tem uma visão demasiada egocêntrica relativamente ao colonialismo e ainda estamos bastante longe de uma abordagem autocrítica daquilo que foi o colonialismo português. Esta falta de abordagem autocrítica tem muito a ver com uma certa falta de interesse por aquilo que aconteceu nos países africanos”, explicou Teresa Pinheiro, responsável pela organização da mostra e professora convidada da Universidade de Saarlandes, citada pela LUSA. 
Além da conquista da independência pelos países africanos, a docente focou-se em temas como o racismo, a guerra civil, os retornados e os imigrantes africanos em Portugal na escolha das películas.
Teresa Pinheiro fez questão de incluir filmes de realizadores portugueses que tenham vivido numa era pós-regime, possibilitando uma “abordagem ao colonialismo e a ditadura em Portugal um pouco mais livre, diferente das gerações que o viveram na época”.
A docente deu o exemplo dos retornados que têm muito mais tendência em vitimizar o seu papel na História do que uma pessoa que já viveu na época pós-colonialismo.

Teresa Pinheiro referiu ainda que a imigração africana em Portugal é um tema “pouco abordado pelo cinema português”, considerando importante falar de “uma situação social com a qual fomos confrontados na época da descolonização porque são pessoas que foram esquecidas pela História e que tiveram de conquistar os seus direitos fundamentais”.

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