A beleza arquitetónica
da Estacão Central dos Caminhos de Ferro de Moçambique, na cidade de Maputo,
mereceu distinção da Finantial Express, publicação internacional sediada na Índia.
Para aquela publicação,
o monumento moçambicano figura no “ranking” das dez infra-estruturas do género
mais belas de todo o mundo.
A estação
ferroviária de Maputo é uma obra secular concebida pelo arquitecto francês
Gustave Eiffel, célebre por ser o criador de várias obras no mundo e que têm
como traço comum o uso do ferro na sua execução. O artista ficou imortalizado e
projectado pela famosa torre parisiense que leva o seu nome.
Em Moçambique, as obras
de Gustave Eiffel não se ficam pela estação ferroviário que é também património
da cidade de Maputo.
Também foi o francês que
concebeu a Casa de Ferro, implantada nas proximidades do jardim botânico
Tunduru e que funciona hoje uma direcção do Ministério da Cultura.
A Finantial Express
incluiu a Estação Central numa lista restrita da qual fazem parte as estações
de Antuérpia e Liége (Bélgica), London St. Pancras (Inglaterra), Terminal de
Nova Iorque (Estados Unidos), Kuala
Lumpur (Malásia), Atocha, Madrid (Espanha), Kanazawa (Japão), e Flinders
Street Station, Melbourne (Austrália).
A publicação considerou
o traçado arquitectónico e o seu nível de conservação, para além do seu valor
histórico. “A estação é um testamento da história do país”, destaca a
publicação.
Igualmente faz
referência as duas locomotivas usadas no início do século XX que estão em
exposição e os espaços de cultura e lazer criados no interior, o que confere à
estacão uma atmosfera muito peculiar, e onde se organizam exposições temáticas
e temporárias e concertos de jazz.
A Estação Central dos
CFM foi inaugurada em Março de 1910, dois anos depois do início da sua construção.
Contudo, a imponência com que se lhe conhece hoje só se verificaria a partir de
1916.
Hoje, para além de
estação ferroviária por onde passam milhares de passageiros e mercadorias
vindos ou indo para Maputo (também para os vizinhos Zimbabwe e África do Sul),
é também um local de cultura.
Nela, vários eventos de
carácter cultural e artístico têm sido promovidos, ao mesmo tempo que nacionais
e estrangeiros tem oportunidade de tomar contacto com a história ferroviária do
país no museu inaugurado no ano passado.
A infra-estrutura expõe também
diverso material histórico desta companhia ferro portuária, bem como património
sócio cultural e humano que retrata a vivência dos CFM.
Entre os materiais
expostos destaca-se uma carruagem de madeira construída em 1911 e que pertenceu
aos Caminhos de Ferro de São Tomé e Príncipe e que foi oferecida aos CFM em
1930, zorras usadas para a inspecção das primeiras linhas ferroviárias.
Estão igualmente
expostos equipamentos como berbequins industriais, aparelhos de manobra nas
linhas, carros de bombeiros, plantas de mapas das rotas exploradas pela empresa
e dos corredores nacionais.
Uma das grandes
atracções do museu dos CFM é a história da primeira ligação ferroviária entre o
país e a vizinha África do Sul, a chamada ligação entre Lourenço Marques
(Maputo) e Transvaal, datada de 1895.
Foi a entrada em
funcionamento desta linha que possibilitou provar a importância de Moçambique
como provedor de serviços de trânsito de mercadorias de e para os países
do hinterland, tal como vem acontecendo na actualidade.
Esta igualmente patente
a história da empresa que, graças a sua evolução, surgiram grandes companhias
que contribuíram para o crescimento do país, tal é o caso da Camionagem
Rodoviária e da Direcção de Exploração de Transportes Aéreos (DETA),
substituída pelas Linhas Aéreas de Moçambique (LAM).
O Museu tem uma
programação activa, com exposições temporárias, animação cultural, debates e
várias acções dos serviços educativos, vocacionados para as escolas e o público
infanto-juvenil.
Para além disso, o
público poderá visitar uma exposição permanente, que tem uma extensa cronologia
desde o seculo XIX até aos dias de hoje. O pós-independência tem destaque com
um contexto histórico, a evolução dos tráfegos ferroviários e dos portos
moçambicanos, os corredores de Maputo, Beira e Nacala, e a transformação da
empresa, na última década do século passado.
jornal domingo